terça-feira, 22 de dezembro de 2009

momento mãe chorosa...

Hoje é na verdade, meu primeiro dia de recesso. Estou tão cansada...
Acredito realmente que minhas companheiras, que estão em sala de aula, com tantas emoções e responsabilidades tenham em dobro este cansaço, visto que neste ano estive na gestão.
Gestão é responsabilidade, compromisso, ética, transparência, e também emoção, medo, ansiedade...
Mas, to muito cansada fisicamente, embora  muito feliz de ter visto que Deus abençoou minha equipe, transformando a Creche num lugar ainda mais gostoso pra nossas crianças.

Mas nem só de escola vivemos, também há o lado mulher, o lado MÃE, o lado dona de casa (ai meu Deus!), a saúde, os exames médicos em tempo correto, o lado FAMÍLIA... E , aqueles sonhos que trancamos, trancafiamos a 10 chaves pra não remoer.

Antes, estaria escrevendo em um caderno, e guardando em uma caixa pra esconder. Descobri com o tempo, que somos todos tão passíveis de erros e momentos difíceis como qualquer outro ser. Que como gente, metemos os pés pelas mãos, escolhemos precocemente nossos eternos (enquanto dure) maridos, e de alguma forma ou de outra, fazemos uma lambança, que só cabe a nós mesmos dar jeito.

O motivo desta postagem, desabafo, é que me arrazou ter hoje brigado com meu filho.
Sabe, quando tem que se tomar uma posição, falar mais alto, e ser firme?
Ele me respondeu como não devia, nos altos de seus doze lindos aborre/adolescentes anos e eu chamei severamente sua atenção.
Coloquei de castigo no quarto.
Larguei a minha faxina do primeiro dia de recesso, com todos os papéis e roupas espalhados pela casa inteira e me deitei no sofá
. Respirei, respirei.
Voltei ao quarto. Ele estava deitado, coberto, pediu desculpas.
Mantive a seriedade.
Tem de se impor limites pelo bem, por amor, pra vida depois lá na frente não ser pior.

Voltei aos meus papéis espalhados pela sala, e as lágrimas desceram, o coração apertado.
Separei contas, das mensagens da escola, dos estudos de internet, dos exercícios de escola do vinicius, da lista de compras...
Não melhorei.
Voltei ao quarto. Ele estava dormindo, todo coberto.
Liguei o ventilador.
peguei os botões do ar (por que escondo, se não ele liga o dia inteiro!rs) e liguei o ar.

Não consegui melhorar.
As vezes essa solidão de mãe solteira vem a tona. Solidão por que ainda assim é melhor, mas as vezes queria dividir as broncas, os estudos... Pra não ter eu que ser sempre a generala, mas escolhi assim, e ainda com toda sequela, tenho meus motivos pra entender que foi a escolha consciente.

Liguei pra Parmê, pedi escalopinho ao molho de madeira, com arroz a piomentese, que é a comida preferida dele. Pra quando ele acordar...

Voltei a papelada. Não melhorei.
Tem momentos que é assim, detona a emoção e momentaneamente vem as questões: se as ações estão corretas, as repreensões... vem o motivo da falta de tempo misturada com sensação de negligência... Não tem livrinho de receita. Livros ajudam sim, orientam, mas quando a emoção detona, o coração literalmente arde...

Sinto-me um pouco melhor agora.
Voltarei a faxina, pois dessa não tem como fugir ou, Mel, minha pischer vai terminar o trabalho, rasgando e comendo tudo!rs

É assim mesmo, nem só de boas aventuras sobrevivem os blogs.

Estou aprendendo...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Conheci uma pessoa maravilhosa/ encontrei ex aluno

Hoje conheci melhor a Professora Maria Elena da E.M Gal Mitre. Fiquei emocionada com sua dedicação e carinho pelo trabalho e amor de sua equipe por ela. Nos dias de hoje, conhecer de perto pessoas que amam a Educação assim me inspira e revitaliza.
Parabéns \professora. Deus a proteja nesta nova etapa!

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Fui com meu namorado à um mercado em Inhaúma, pertinho da Escola em que comecei- Affonso Várzea e perto da Escola que foi a melhor coisa que me aconteceu: GuadalajaraI, no Complexo do Alemão.
Lá encontrei meu ex aluno da Affonso, trabalhando como guardador de compras.
Assim que nos olhamos, ele exclamou com um sorriso lindo: "Professora Rute"
Saiu de onde estava, e aquele homem, meu ex aluninho, me abraçou com ternura.

Aí, TUDO COMEÇA A FAZER SENTIDO E A VALER A PENA!
A VIDA VALE.
VALEU TUDO, TUDO!!!

Então percebo quanto carinho tenho pelo que faço, e que as marcas que deixamos fazem nossa história.

Melhorou meu dia ainda mais.
Percebo que minha vida não está sendo vã, por que ensinar , lidar com crianças, educar é registrar, deixar pegadas, é tocar o futuro.

O melhor abraço do meu dia, com certeza.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Palestra na Cruzada Mundial de Missões

Minha mãe, que mora no andar de cima, vive me escutando, meus anseios, indignações e vontade de fazer alguma coisa por nossos pequenos.

Então, me convidou para falar um pouco, sobre o que vivo falando pra ela...

Então, na verdade, acho que desabafei um pouco...

Falei de algumas experiências da Creche, da dificil realidade dos menores, moradores de rua, da dor do pobre...
Falei da nossa responsabilidade enquanto cristão, enquanto cidadão, enquanto ser pensante...

Há de ter um jeito pra isso.
É preciso indignação, e não apenas pena...
Não dá mais!

Eu não aguento mais tanta dor destes pequenos.

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Sinto-me de mãos atadas, por estar só.
Então oro.
Então faço o que posso pela mãe que me procura...
Mas não dá pra ficar só nisso.

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É preciso elegermos pessoas que se importam, pois o problema é complexo e exige grande movimentação.
Mas, eu não posso esperar mais.
Pois há uma chama que arde no meu peito, e queima cada vez que vejo um pequeno no chão frio.
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sorvete no nariz

Ontem, dia 11 fizemos nossa festa na Creche. Foi um espetáculo!
Com direito a Papai Noel e tudo!
(obs: O Papai Noel é meu namorado!rs)

Não tem preço que pague essa alegria. Tudo que fazemos é ainda muito, muito pouco.
Tem coisa melhor que sorriso de criança? Gargalhada de criança?
Não tem dinheiro que pague o prazer das gargalhadas e do olhar curioso que elas nos dão.
Não tem mau humor que não se renda, dor que não vai embora...

Compramos sorvete (do bom!), de flocos, morango, napolitano e abacaxi.
E de todos os risonhos, Luis Carlos era o mais!!!
Acho que nunca tinha tomado, ele ria com o gelado, ria dos colegas que se lambuzavam
e se divertia com o sorvete, que era gostoso ver.

Só tenho a agradecer a Deus por me proporcionar momentos como esse.
Me emociona, reanima e da forças.


Obrigada, minhas amigas, que trabalham comigo, que tem meu espírito e lutam pelo mesmo ideal!

Amor, obrigada por ter largado tudo e vir ao encontro da alegria destas crianças.
Você não viu, mas quando os pais chegaram, elas dizim "Mamãe, sabe quem veio aqui? O papai Noel!!!"
Que delícia trazer um pouco de encanto e imaginação aà crianças acostumadas a ouvir tiros e a não ter nem natal...
Valeu, meu papai Noel, que o Papai do Céu te abençoe.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Reunião de Diretores de Creche


Ontem foi um dia muito especial, na reunião de diretores, com a professora Maria Lúcia.
Novamente, neste blog , venho prestar minha homenagem a esta mulher exemplar.
Que aula, quantos ensinamentos...

Existem pessoas brilhantes, e com certeza Maria Lucia é uma delas.
Me inspira, inspira meu trabalho, me dá forças..

Obrigada SME por ter nos dado este presente!
Obrigada Maria Lúcia, por você existir.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Que Deus tenha piedade de nós

Não sei o que pensam nossos governantes. Não sei se sabem da miséria que mora tão ao lado...
Sei que eu vejo essa miséria todos os dias quando vou trabalhar, e não consigo alienar e me choco todos os dias. Não vou deprimir e cair de cama, pois assim não ajudo, nem 1, nem 10. Mas não posso tampar os olhos e fingir que não esta acontecendo...

Já disse isto, numa outra postagem, mas é humilhante descer do 474, na cancela todos os dias e literalmente saltar os corpos adormecidos e enfraquecidos de crianças. Eles se embrulham na própria camisa rasgada e se encolhem de frio e de humilhação.

Isso se dá no ponto de onibus, dia após dia.
É na Cancela, São Cristovão, entrada da Quinta da Boa Vista, porta do turísmo carioca...

Não to dizendo dos confins do nordeste.
Estão ali, a cada manhã, tarde e noite, esmolando, cheirando cola, assaltando...
Nossos governantes, a quem elegemos com nossa própria mão não passam por ali, nem seus assessores, nem seus partidários?

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Quando faço matrículas na comunidade que trabalho pra crianças pequenas, faço questão de ouvir a história das famílias, porque me aproxima delas, por que posso entender o desespero, a indignação.

Ontem( 09/12) ashistórias, o choro, o sofrimento... Deus tenha piedade de nós todos, por que é um sofrimento paupável, com nomes, corpos e choros de bebês...

Como hão de arrancar-me esta indignação, pois se vejo e escuto semelhante coisa? Como não sentir a dor,? Como não chorar a dívida do Estado para com a população?Se não sentir nada, não sou digna da minha própria vida.
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Se não vim a este mundo com uma missão, para que vim? Ser mais uma na multidão, a olhar sem ver?
Não admito.
Se hoje, estou onde estou, é porque Deus tem um plano nisto. Sei que não posso fazer muito, nem tudo. Mas posso ouvir a mãe aflita, indica-la o hospital, ao amparo jurídico. Posso ser uma diretora consciente e ter uma equipe que comigo, transforme nosso pequeno mundo.

Meu trabalho tem que ser de primeira qualidade, especial, pois trabalho para o povo, e sou paga por ele.

Nosso povo sofre muito.
Se cada um de nós, inclusive as pessoas a quem confiamos o poder de nossa nação, fizer o que lhe cabe, com  afinco, qualidade e temor a Deus, certamente vidas serão poupadas...

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Deus tenha piedade de todos nós, e nos faça escolher melhor quem cuida do nosso povo, e de nossos filhos.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

indignada? Como devo chamar este sentimento?

Hoje cedo... 6:20

Ando 5 pontos de onibus, pra conseguir ir sentada no onibus 474 -
Demora ...
E lota, do tipo nem mosca passa.

Quando entrei no onibus, o trocador não tinha troco, disse que já ía devolver: 0,80
Fui procurar lugar. Achei. No final.
O onibus lotou.
Motorista não respeita. Não pára pra descer, nem pra subir.
todo mundo suado. Criança bateu com a cabeça, a senhora estava na escada, o pé prendeu, tirou o tenis do pé dela. cedi meu lugar...
Fiquei sem troco.
Pra parar é no grito..>

TRANSPORTE COLETIVO!!!

Tá. Desci na Cancela, ponto que fica quem vai pra Quinta da Boa Vista ou pro Hospital Dr Aloan.
De cara, quando vc desce, dá de cara com 2 crianças deitadas em papelão no centro de um monte de gente pegando onibus... Vistos, tratados como lixo, nem bicho tem tanto desvalor...
O sol hoje as 7 estava queimando, e o sol queimava o rosto daqueles dois, deitados de barriga pra cima.

Todo mundo olha. Olhar de dor. Ninguém quer ver, o olhar foge, e se finge que não viu...

Atravesso a rua.
Hora de pegar integração, mas vem lotado, prefiro a komb.
Não tem komb. O cara do bar diz que é o DETRO.

Aparece uma komb
- "Bora, bora..." grita o motorista.
- 'vou pela favela"

Pensa que sou só eu? Pessoas tem hora pra chegar no trabalho.
Acordar mais cedo?
Eu, que moro logo ali, já acordo as 5h.

E lá vamos nós. Oito pessoas, lotamos a komb. Ninguem ali era vagabundo. Todo mundo topando ir por dentro da comunidade, pra não perder o emprego.

- È o DETRO.

Cheguei sã e salva, depois de contra mão, bota placa, tira placa do motorista.

Trabalhar não é fácil. Chegar no trabalho mais difícil ainda.

Precisamos ser olhados.
O Rio tá afogando...
Como resgatar?

Tenta olhar nos olhos do povo... É so olhar... Há medo, pavor, tristesa e indignação.

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Voltei 16:40.
Tudo igual.

domingo, 22 de novembro de 2009

anjos

Deus coloca anjos em nosso redor, e isto é bíblico.
Mas tem gente que é anjo na terra, e trabalha, se veste, tem filhos como nós.

Há 11 anos, meu filho foi tirado do hospital infantil particular pois o nosso dinheiro havia acabado. Tiraram o oxigenio, o remédio do soro e ele tossia.

Mandaram a gente pro  Hospital salgado filho. meu filho... ah, tinha 1 ano.
Lá, deixaram a gente num canto, e depois de uma noite triste lhe deram alta.

voltamos a uma clínica e o primeiro anjo apareceu:
_ Seu filho não sai daqui,enquanto não conseguir uma vaga em um bom hospital.

Assim foi. Ela nos enviou ao Hospital dos Servidores do Estado, na Praça Mauá.
Lá, descobriram que meu filho tinha hipoplasia pulmonar esquerda congênita.
Lá, conheci Doutora Sandra Mara, a pneumologista dele, uma das pessoas mais simples e formidáveis que tive a honra de estar. Ela é maravilhosa.
Suas consultas eram conselhos de vida. E ela o auscutava minutos de um lado, minutos de outro, ouvia, media, olhava a barriga, olhava a lingua. Baixinha, de cabelos curtos e uma letra bem pequena. Linda...Doutora Sandra se aposentou.
Chorei dias e dias, ela havia tratado meu filho por 8 anos.

Já com plano de saúde, procurei a SEMEG, pedi uma pneumologista. Na primeira consulta a médica teve um surto, ela não era pneumo da pediatria, e numa síndrome de sei lá o que, nos chamos de lixo, loucos e muito mais. Fomos a polícia, processamos a SEMEG e denunciamos a louca.

Voltamos ao HOSPITAL DO SERVIDORES DO ESTADO. Contamos nossa história, e nosso segundo anjo apareceu. DOUTORA DANIELA, filha da DOUTORA APARECIDA, outro anjo.
vini trata com ela por quase 5 anos.

Deus tem seus anjos nas escolas, nos hospitais, nos presídios, nas delegacias.
Deus tem seus enviados.

Doutora Daniela, obrigada por tudo, pela dedicação, pelo amor, pelo serviço além do serviço.
Deus abençoe suas filhas, seu esposo, sua vida.
Doutora Daniela, obrigada por cuidar da minha querida amiga. Não há como descrever...

Doutora Sandra,
A senhora é um presente pra terra.

O que eu sinto é uma gratidão sem limites.
Obrigada.

sábado, 21 de novembro de 2009

Tenho 33 anos, bem vividos. Isso não quer dizer que não passei fases difíceis e talvez desesperadoras. Vivi meus desesperos por que precisava deles por um objetivo que ainda não conhecia. Conheci anjos, conheci o amor Divino, vivi amizade verdadeira, entendi o outro lado.

Minha infância e adolescência foram perfeitas, mas depois vieram as frustações de alguns sonhos e muito hospital com meu filho. Isso me aperfeiçou no ser gente, em ter novos olhares e a agradecer a Deus.

Sinto hoje que segredos me são revelados e me sinto especial por sentir-me amada e protegida por Deus.
Ser professora do município e diretora de Creche ampliaram minha visão e minha responsabilidade de cidadã na minha peregrinação.

Sem demagogias. Tem muita gente boa na terra. Muita gente do bem e que faz o bem. Tem tb muita criança na rua, muitas famílias na miséria, e que precisam dessas boas pessoas para lhe darem esperança.

Sei que posso ser instrumento de Deus na terra. minha vida não vai passar em branco.
Que nos abençoe a todos, e a esta nossa nação que anda tão adoecida.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Momento mãe

Meu filho pegou no sono. Quando ele dorme fico com saudade, queria que ele ficasse mais um pouco...
Tudo é pouco, e é mesmo.
Criar, educar bem, passar bom exemplo, mandar fazer dever de casa, contar histórias, brincar juntinho é tão lindo, mas as vezes sinto que não consigo.

Há muitos livros, mas não tem receita, por que cada ser é um ser.


Oro todos os dias para que ele seja cidadão de bem, honesto, gentil e resistente.
Converso com ele, oro, leio a biblía, conto histórias. Acho que as vezes isso é um tanto chato pra ele.


Vinicius é minha vida e minha inspiração.
Sei que erro com ele, dando sim quando era não, e não quando devia ser sim.


Ele desenha bem, é um bom garoto.
Minha oração a Deus agora, é que ele seja feliz, que no mundo dele, aquele que só mesmo ele habita, ele possa ter certeza do meu amor, e do amor de Deus, pois assim nunca se sentirá só.


Momento de mãe, momento de reflexão...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Reunião de hoje- renovadora

No curso de diretoras , tivemos hoje a tarefa de levar livros comprados na última Bienal.
 Nós falamos sobre os que levamos, expomos, contamos, e planejamos em grupos uma aula para as agentes auxiliares de Creche. Até aí, você pode achar que não há nada. Mas houve...

Houve emoção, lágrimas, aprendizagem, renovação.

Contamos histórias de livrinhos ilustrados que dizia a importância do beijo, do abraço, do amor.
Espantamos o medo com o livro "vai embora grande monstro verde", lemos os direitos das crianças e relembramos dos pequenos que não tem acesso a moradia, a família, a escola.

Nós demos as mãos. Literalmente.

Somos diretoras de Creche, trabalhando todas dentro das comunidades, ouvindo tiros e ensinando amor.
E quando a gente se encontra, não falamos de abandonar o barco, nós desejamos melhorar, nos encantamos com a magia das histórias que contamos aos pequenos, nos envolvemos com a equipe, e nos orgulhamos das conquistas.

É por isso que não me canso de dizer que TEM JEITO. TEM JEITO SIM! Tem solução, por que eu sinto vontade de fazer e ser mudança, tem jeito por que vejo lágrimas nos olhos de minhas companheiras quando abrem um livro infantil e toda sua expressão indica o quanto desejam contribuir para mudar o mundo.

Precisamos de valor e investimento, pois nossa alma esta transbordante de vontade de melhorar nosso Rio.
Sou orgulhosa desse grupo.

Maria lúcia é nossa maestra. Grande inspiradora, lutadora. Senta no chão pra ouvir história que contamos, interrompe nossa fala e corrige nossas inexperiências e me dá uma emoção forte ver gente assim, comprometida e que não perde a beleza da essência de educar.

......

Diante de tanta beleza da paixão do educar, estão nossas limitações, lugares que não alcançamos, recursos limitados.
Eu quero mais pra minha cidade, quero poder fazer mais, meu ser se move pela minha incapacidade de agir, minha limitação.
Quero fazer mais.
Todos, de mãos dadas, como hoje fizemos na reunião, precisamos fazer mais.
são nossas crianças.

Meu filho, tem 12 anos, fez dia 30/10. Ele já jantou, estudou, fez o dever de casa, e agora está deitado na minha cama, vendo cartoon, scooby.
E aquelas centenas de crianças de 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 anos... Jantaram? Fizeram dever de casa?Estão vendo desenhos deitados quentinhos em suas camas?
Devo eu acreditar que meu filho teve sorte e estes de rua, azar?
Devo me acostumar e acreditar que é assim mesmo, a vida é injusta, e fazer o quê???
Devo fingir que é um mundo que não existe?

Isso está me incomodando.
Nós somos eleitores, votamos em pessoas que dizem que vão mudar isso.
Será que não se vê que criança é PRIORIDADE?
VEM PRIMEIRO? TÁ NA FRENTE? PRIMEIRA A SER SOCORRIDA? NÃO ESTÁ NOS DIREITOS DA CRIANÇA?

Por que então, todos nós vemos todos os dias e não abrimos a boca? Estamos emudecidos de dor e terror.
DEsculpe leitor, se pareço redundante, repetitiva, cansativa.
É que está repetitivo e cansativo e dolorido TODOS OS DIAS ver mais e mais e mais crianças nas ruas, sobrevivendo pior que cachorro leproso, deitados de mãos estendidas, drogados e violentos, esmolando com suas bolinhas ao ar...

Se eu não me indignar, se você não se indignar, nada vai mudar.
E essas crianças crescerão, num mundo que não as acolheu e que portanto não o amará.
Crianças que não tiveram amor, e não poderão amar.

É urgente, mais que urgente.
Vamos nos indinar e cobrar dos nossos representantes atitudes que priorizem as nossas crianças.

sábado, 31 de outubro de 2009

para fazer história, trazer dignidade e mudar a cara do Rio

"Muitas pessoas têm uma idéia errada sobre o que constitui a verdadeira felicidade. Ela não é alcançada por meio de gratificação pessoal, mas através da fidelidade a um objetivo que valha a pena." Hellen keller


Uma vez minha mãe, sábia mulher, me disse: " Rute, você tem um universo em você".
Eu era criança, mas as palavras não saíram mais de mim. Cada vez, ganham mais vida, mais razão.

Vivo em um corpo limitado, que cansa, que precisa alimentar-se. Preciso me vestir, usar roupas, ousar em minha vaidade, posso estar ferida no corpo, operar de uma doença... mas, meu espírito está lá, minhas idéias, meus sonhos, e o infinito interesse no saber.

Tudo lá... Pronto pra explodir, transformar.
Posso morrer com todas as idéias, sonhos, ideais e projetos. Posso colocá-los todos a 7 palmos da terra, ou posso optar por transformar o mundo, inspirar pessoas, melhorar a vida de nosso povo.

Todos os grandes feitos vieram dos visionários, dos loucos, dos ditos "doentes'... Santos Dummond, Henry Ford, Thomas A. Edison, Theodore Roosevelt, Juscelino, Bethoveen, Hellen Keller; Charles Dickens; são inúmeros casos de sonhos loucos, que mudaram para sempre a vida da humanidade.
...........

Meu universo acredita em crianças fora dos chãos gelados das ruas..
Meu universo se inspira em fé, esperança e atitude.
Meu universo não vai comigo pro  meu enterro.

O invertor do relógio deixou-o em nossos pulsos, o da eletricidade morreu, mas há luz em nossas casas, Brasília continua linda e em pé, temos cura para tuberculose, pneumonia...

Há cura para essa desgraça social, há representantes de bem, que também não aguentam tanta calamidade com nossas crianças.

Sou visionária da educação, acredito em uma vida digna para nossos pequenos, que não tem culpa de nascerem na miséria.


Sonho com um lugar, um complexo repleto de verde, extenso, com muitas arvores e flores, jardins...
Sonho com uma área esportiva, campo de futebol, bonito, gramado... volei, basquete... sonho com piscinas azuis, grandes, pequenas, com tranpolins... Sonho com sala de jogos... totó, sinuca, pingue-pongue.

Sonho com quartos amplos, camas gostosas, lençóis limpos, edredons fofinhos...
Sonho com café da manhã com pão e queijo, leite com nescau, maçã e mamão.
Sonho com almoço e janta, com arroz, feijão, carne, frango, purê de batatas, alface com tomate com azeite e vinagre.

Sonho com professores determinados, professores sonhadores, professores corajosos,
sonho com psicológos do bem, assistentes sociais crédulos, médicos especializados.
sonho com bons neurologistas, enfermeiros pacientes...


Sonho com justos gestores, assessores fiéis, equipe especializada.

Neste sonho, vejo crianças estudando pela manhã, almoçando com apetite, saudáveis.
Estas crianças correm pela área verde, aprendem jardinagem, enchem as mãos na terra.
 Elas fazem esculturas, aprendem a modelar o barro, pintam telas
dançam balet, hip hop, samba e funk.

Elas lutam capoeira, se divertem no judô,
 e dão um show na piscina
aprendem marcenaria, ,fazem brinquedos com madeira
aprendem mecânica de carro  e a consertar aparelhos eletrônicos

a tardinha, um filme no cinema da sala em anexo...

Hora da janta.
Cansaço gostoso
Dia produtivo
olhar risonho nas estrelas...

...Tem um futuro aguardando logo ali. Um emprego, família, dignidade.

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È uma visão, minha visão, meu sonho, meu universo.
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viajamos pelo ar, pelo mar, por debaixo da terra.
vemos ao vivo o que acontece no japão e falamos com o outro lado do mundo ao telefone como se estivéssemos lado a lado.
Estamos conectados ao mundo 24hs
Transplantamos corações
visitamos a lua, marte...
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Acredito que as crianças de rua serão olhadas por representantes orientados por Deus, e isso se transformará em história e em exemplo para todas as nações.

Amém.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

um pouco da minha história ... flashes.


Minha vida mudou muito desde que passei pro concurso de professora em 2001. Passei a conhecer comunidades e suas culturas.
A primeira escola municipal que trabalhei foi em Santa Cruz, no Miécimo. Era longe, pois na época morava no Rocha. Acordava as 4h., pegava onibus as 4:30, o trem as 5:00, e depois de 36 estações, pegava a combe pro  Miécimo. Eu era  nova, e ficava assustada.As vezes, tinha dia que entrava só no vagão.
Bom era quando chegava na escola e vinham as crianças, elas  eram muito doces, e me tratavam com carinho especial.
Depois de fazer dupla regência a tarde, numa outra escola, ía embora.
Chegava em casa às 19hs.


Depois fui para o Complexo do Alemão, para a linda Escola Professor Affonso Varzea. Lá fiquei 3 anos, cumpri meu estágio probatório, e conheci pessoas maravilhosas que são amigas do coração até hoje.
Lá também vi o outro lado, vi famílias desesperadas buscando seus filhos em meio ao tiro, vi polícia fechar a rua, e a imagem era de guerra. Vi o blindado, apelidado caveirão, na porta da escola, muitas e muitas vezes, vi morto em frente ao portão da escola.


Trabalhei em Nova Brasília, também no Complexo do Alemão, na Casa da Criança Guadalajara I, a melhor escola que trabalhei pois foi lá que mais aprendi o que verdadeiramente é ser um professor. Agradeço a diretora Regina e sua coordenadora Ana Paula, por ter me ajudado a crescer enquanto profissional, me ensinado tanto... Lá também, foi onde mais vi a guerra no morro, era quase semanal, as vezes diariamente nos abaixavamos com os pequenos de 4 e 5 anos, e tentavamos livrar nossos corpos dos tiros. O medo era paupável.
Contudo amei aquela escola, suas crianças e seus funcionários. O melhor que há em mim de profissional aprendi lá.


Trabalhei também no Jacaré, no Ciep Willy Brandt com Educação Especial. Trabalhar com aquelas crianças por 2 anos mexeu com minha formação. Vi o que era força de vontade, amor, paciência. Lá recebi os melhores abraços da minha vida, e os que mais marcaram foi da pequena Raíssa, menina de 10 anos que tinha hidrocefalia e tinha feito 29 cirurgias no cérebro. Ela me abraçava e dizia "tia, a vida não é boa?, te amo tia." - lembrar emociona.


Trabalhei no Tuiuti  como diretora de Creche, o maior desafio que tive e me marcou. E agora sou gestora em uma creche no Caju.


E no caju...
... há duas semanas, vi um movimento diferente próximo a Creche. É claro que lá tem vários "movimentos", mas eu não via, e esse era NOVO. Nesse ponto , quem vende são adolescentes com cara de criança e ginga de homem mau. Tem criança lá. Cada dia que olho de "rabo de olho" tem mais gente,. Não sei se comprando ou se vendendo.
O fato de eu não encarar é medo, mas na verdade os vejo, e não quero alienar, fingindo que não estão.
Eu sei que não posso fazer nada ali, que não posso me meter, é tipo "mãos atadas", naquele instante.


Me incomoda.
Maltrata e dói.


São crianças, meninos jovens que exaltam a maldade e a violência.
Lembro agora do documentário do filme 174, do Sandro. Ele não tinha como ser diferente, diante de tanta marginalização.
Tem muito sandro por aí... Estremeço que possa ser um desses que esbarra em mim todo dia quando vou e volto do trabalho.


Por que será que nossos representantes não vêem isso? Por que é que eles não se importam?
Criança na rua, cheirando cola, fumando crack, em todos os lugares ... CADÊ NOSSOS REPRESENTANTES QUE COLOCAMOS PARA DEFENDER NOSSAS CRIANÇAS? NÓS OS COLOCAMOS LÁ, COM NOSSA PRÓPRIA MÃO NO MOMENTO DA URNA.


Tenho compaixão. Eles são vítimas.


Ruíns, são aqueles que desviam o dinheiro da Educação, da Saúde. Deus há de cobrar cada centavo, não  tenho dúvida.
São crianças sem pais, com fome, com sede, dormindo no chão frio, sendo violentadas, prostituídas, mortas. crianças, apenas crianças...
Não posso fechar os olhos, ninguem pode.
Precisamos escolher melhor quem nos representa no poder. Damos a eles plenos poderes sobre nossas crianças, filhos, mães, avós...
Precisamos nos envolver SIM politicamente, entender o que se passa, cobrar promessas, mostrar pras autoridades que o tempo da ignorância passou.


Não era para eu  escrever tanto assim...
Estou indignada, minha vontade é gritar: 'FAZ ALGUMA COISA PELO AMOR DE DEUS!"
Não podemos nos esconder pra sempre.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

CAFÉ DA MANHÃ

Antes de ir ao trabalho, parei numa padaria no Méier, para tomar meu café.
Pedi chocolate quente, e um misto de francês com queijo minas.
Gosto de ver o jornal da manhã, sempre que posso, e a TV da padaria estava ligada no RJTV.
Assim que comecei a comer, surgiu um rapaz morador de rua, muito sujo, cabelos grandes, pele com sujeira de meses, roupa esgaçada e mal cheirosa.
- Me paga um café com pão aí, tia.
Respirei, tentei  pensar rápido, e não quis abrir a bolsa na frente dele.
_ Moça, serve a ele que vou pagar.
Ele se sentou ao meu lado. Segundos depois o dono da padaria apareceu e perguntou "o que tava pegando"
_ A tia vai pagar meu café.
_ Não precisa-disse o dono- eu te dou seu pão com café, só não quero que você aborde meus clientes.
_ Então eu quero "dois pão" que a tia vai me dar  um e você outro.

Confesso que naquela hora quase ri, achei engraçado, mas estava nervosa de como a história acabaria.

- Ah- reclamou o garoto,- todo dia eu peço pra ele, ele não dá pra eu, me manda embora, ué.

A moça trouxe o pão em embalagem pra viagem, e o café no copo descartável. Ele pegou um canudinho assoprou e jogou no chão. Depois pegou outro colocou no copo e chupou o café e seu rosto expressou imenso prazer. Em seguida, com as mãos sujas pegou no porta guardanapo, um, dois, uns dez guardanapos, segurou o  pão com o papel que pegou e saiu.

O fato dele pegar o papel pra segurar o pão, e não sujar o pão significou alguma coisa, ele queria ser diferente... Eu acho...

Depois ele foi para tras de mim. Eu o estava vendo pelo espelho, mas os demais não sabiam que eu acompanhava o garoto e ficaram fazendo mímicas que ele estava atras de mim, pra eu sair. Eu não saí, tive a impressão que ele estava se protegendo.
É claro que tive medo, o medo parece até uma sombra, tá sempre seguindo... Mas o fato é que pensei em todas as injustiças que ele já devia ter vivido.

Conheço a teoria sobre não dar dinheiro, e etc, mas ele me pediu pão e café. Não seria ele meu próximo, a quem, segundo os ensinamentos cristãos, devemos ajudar? Quem pode julgar o certo e o errado nesta questão? É polêmico...


Fico pensando ...Onde estará esse garoto, agora? Dormindo, drogado, com fome, matando?
Eu não vou matar a fome do mundo? Sei disso.
Mas de repente me vem àquela história que fala que se cada um fizer sua parte...

Não sou dona da verdade.
Quero um país mais justo, e digno.
Não quero me alienar, e fingir que não estou vendo.

Escrever aqui é mais um desabafo.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Que orgulho diretoras, que orgulho!

As diretoras de Creche da Coordenadoria a qual pertenço, estão participando de um Curso com a Professora Maria Lùcia, na Sede de nossa CRE. Os encontros tem sido muito proveitosos, pois compartilhamos nossas experiências e angústias. Mas escrevo especialmente pelo encontro desta terça-feira, 20 de outubro.

A palestrante Maria Lucia pediu que levássemos fotos de nossas creches para o encontro de hoje, assim, fizemos um belo painel, que ocupou  uma parede inteira. Depois, cada uma de nós falou sobre as imagens expostas. Foi gratificante olhar os registros belos e significantes de nossas companheiras. Um trabalho merecedor reportagem. Ali estavam expostos trabalhos de servidores públicos que executam seu dever com dignidade. É sem dúvida um  exemplo pra toda a nação.

Fiquei orgulhosa de fazer parte de um grupo de diretoras de creche, que se envolvem com resposabilidade e empenho. Somos sem dúvida professoras que mudam o Brasil e transformam o mundo em lugar melhor de se viver.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Rio de Janeiro ... Por uma professora carioca

Não dá pra fingir que não aconteceu tamanha violência no último dia 17 de outubro.
Eu estava em Saquarema, e logo de manhã ao ligar a TV do hotel, vi o helicoptero abatido, depois onibus queimados.

Moro bem perto de tudo que aconteceu, pensei imediatamente na minha mãe e na diretora adjunta da creche que trabalho, pois ela mora mais perto ainda. Liguei pra minha mãe, ela não sabia, estava no hospital com o esposo. "Mãe, fica aí, que é melhor!", e quando liguei para Ana, adjunta, ela estava horrorizada e pelo telefone pude ouvi as ensurdecedoras sirenes dos carros da polícia. "sai daí com teus filhos, não fica aí."

Não acostumo.

Meu filho tem 11 anos, fico receosa, pra ser sincera, as vezes me apavoro ao imaginar que daqui a pouco ele pedirá para passear com seus colegas.
Dá pra ter paz tendo seu filho nas ruas de uma cidade que num só dia, queima-se 10 onibus, abate-se um helicoptero e balas se perdem e se acham em todo lugar?

Amo meu Rio sim, suas praias, paisagens e o melhor, sua gente.
carioca é pessoa da melhor qualidade, é risonho, bem humorado, trabalhador SIM, e que merece mais segurança.

Então , ontem, no meu retorno a minha bela cidade, na rodoviária vi  nas pessoas semblantes assustados e do outro lado menores preparando suas camas no chão. E enquanto relutava com o taxista que não havia problema ele me levar para meu bairro, e enquanto ele mostrava o jornal O Globlo e alterado dizia" Olha aqui, olha aqui!" eu pensava no problema causador disto tudo: Educação.

Será que só alguns poucos conseguem perceber isso?
Crianças nas ruas, muitas, muitas.
Crianças e adolescentes fora da escola.
Se Educação não é prioridade o que é então?

Será que nossos representantes não percebem que hora dessas, eles mesmos podem ser as vítimas desta falta de Educação?
Quando um helicoptero da PM, blindado e com profissionais especializados, é abatido por bandidos, podemos medir que tipo de segurança temos, e então um carro blindado e segurança armado podem não ser barreiras para a violência.

Caros representantes, cuidem de nossos pequenos, pois logo não serão crianças, e colheremos todos essa péssima semeadura.
Não há outra saída, senão Educação, investimento sério e responsável, planejamento inteligente, trabalho árduo.
Educação imediata, bons salários aos professores, qualidade de ensino.

Não me digam que há investimento sério, quando eu ao trabalhar vejo todo santo dia, dezenas de crianças de rua num percurso de Cachambi ao Caju. Se isso é  considerado investimento...

Não seria melhor  e mais inteligente investir em Educação que construir prisões de máxima segurança?
Não é melhor investir em Educação que ir ao cemitério enterrar um filho vítima da violência urbana.
Todos estamos vulneráveis.
Todos.

Ainda tem jeito.

Sou professora, sou mãe, moro na Zona Norte do Rio, moro no Cachambi, trabalho no Caju.
E eu, como todos os cariocas estou com medo.
Estou fazendo minha parte, quando eu e minha equipe fazemos um trabalho qualificado, garatindo aos nossos pequeninos o direito que possuem com o melhor que uma instituição  pública pode dar. Ainda assim, sabemos que precisamos melhorar.


Precisamos de um Rio, não apenas famoso por sua exuberante beleza. Precisamos de um Rio de Paz.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Querido aluno

Semana passada, estava na Creche quando a merendeira me chamou com urgência. Pensei ter acontecido algum problema na entrega dos gêneros alimentícios, visto que os entregadores estavam verificando com ela a merenda.
_ Esse rapaz diz que te conhece, que foi teu aluno.
Quando olhei estava diante de mim um belo rapaz, forte, sorrindo.
_ Oi professora.
Confesso que fiquei surpresa e que uma alegria recompensadora me invandiu.
Este rapaz foi meu aluno no meu primeiro ano do município, da Escola Municipal Olavo Josivo de Sales, em Inhaúma, de crianças oriundas das comunidades do Complexo do Alemão.
Na hora tudo veio a tona: Foi uma turma de quarta-série com mais de 40 crianças. Foi a turma mais difícil que peguei, pois eles tinham dificuldades reais na vida, na escola...No entanto, eu os defendia até debaixo d'água!
Relembrei passagens, as vezes que entrava no meio das brigas dos garotos. Por mais estranho que possa parecer, foi um tempo bom ,de aprendizagem pra mim!

Perguntei pra ele dos outros colegas, se estavam bem. Ouvi boas histórias e outras nem tão boas...
- Todos lembram de você, professora - Foi o que ele disse.

Eu tive orgulho de ver aquele menino grande, trabalhando. Ele não havia entrada para caminhos ruíns, como tantos poderiam achar que era o previsto e inevitável.

Nesses momentos, olhando para o passado, de minha  voz rouca de tanta falar em sala de aula, de correria para dar aula na Affonso Várzea de manhã, na Josino a tarde, aula particular a noite em casa... Apesar, tudo valeu a pena. Valeu ter contribuído para marcar vidas de forma positiva. De ter ensinado (que responsabilidade!) e principalmente de os ter amado, e deles terem consciência do meu amor.

Nosso abraço foi inevitável.
Quem passou pela cozinha e viu a diretora abraçando tão comovidamente aquele rapaz não entendeu direito. Mas nós dois sabíamos que em um dado momento, nossas vidas haviam se cruzado, e que por isto a história havia sido feita. Boa história, graças a Deus.


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Dia do mestre

Hoje é dia do mestre. Nós que estamos nas escolas todos os dias, sabemos  bem o significado deste dia.
Lidamos com a vida, com o ensino, tocamos o futuro com a ponta dos dedos. Entregamos o bem, desafiamos a indignidade, enfrentamos as incertezas, brigamos com a desistência. Somos fadas, salvadoras, eternas gigantes do bem. Saciamos a sede do saber, olhamos além.
Tenho orgulho de dizer SOU PROFESSORA, ADORO SER PROFESSORA, É BOM DEMAIS ENSINAR!
Não me fale hoje dos salários, da violência, do mal.
Deixa eu viver esse dia, apenas com seus louvores e honras.
Me deixa sonhar que está tudo no seu devido lugar e que todos os pequenos tem escola, que outubro é preparação para as formaturas...
Sou professora. Parabéns a todos os mestres!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

triste

Hoje tive uma experiência que me deixou  triste e reflexiva.
Estava na creche recolhendo os dados pessoais dos ajudantes de pedreiro, quando pedi que um deles escrevesse seu nome. Ele tentou levar o papel consigo. Pedi que escrevesse perto de mim, e ele simplesmente não conseguiu sequer segurar a caneta. Escreveu um Renato, que não se lia. Pedi o nome todo, ele disse que não sabia escrever. Houve por segundos um constragimeto no ar, as pessoas presentes abaixaram o rosto. Não deviam? Enfim, foi o que aconteceu.


Mais tarde, longe dos demais, vi que ele pintava o muro, concentrado. Fui até ele.
- Quantos anos você tem?
_27
_ E por que você não sabe escrever teu nome? - As palavras golpeavam.
_ Meu pai me tirou da escola.

_ Como você fez para assinar a identidade?
_ Eu não tenho identidade. Nunca tirei.


Palavras como espadas, para se falar e ouvir.
_ Vou te ensinar a escrever teu nome - Foi só que pude dizer - E antes de vc ir embora deste trabalho, vc vai tirar sua identidade.


Entrei na sala, procurei um caderno e escrevi o nome dele, depois sentamos e expliquei como ele deveria treinar. Disse que não era difícil, e que ele aprenderia fácil.


...


Que país é  esse, meu Deus?
São muitos assim, sem ler e escrever, tendo ausência da sua identidade, excluídos, separados, marginalizados.
Sei que são muitos, pois trabahei muitos anos como presidente de mesa nas eleições e dezenas e dezenas molham os dedos por não saberem escrever nem o primeiro nome.


É preciso um Brasil mais justo e isso só se dará pela Educação.
Mas quem se importa?
Quem deseja mudança?


Renato de vinte e sete anos, sem identidade, sem saber escrever o próprio nome, pintando os muros de uma instituição educacional pública . Que cena, que contradição.
Não poderia me esconder. Disse a ele:
_ Não tenha vergonha, sou professora, estou aqui pra isso.

sábado, 10 de outubro de 2009

tudo são rosas...


TUDO SÃO ROSAS... ISTO É SE VOCÊ PLANTOU ROSAS.

Primavera também em mim

Disse a uma amiga esta semana: É a primeira vez que percebo a primavera.

É verdade. Consigo notar as árvores floridas em diferentes tonalidades de verde, rosa, roxo , violeta. Cores pinceladas, misturadas. Deus se divertindo com os pincéis nesta enorme tela...

Antes eu não via, não conseguia. Meus olhos estavam vendo outras coisas, muitas delas longe de serem bonitas.
Mas que bom que o foco mudou a tempo, e hoje vejo, logo ali na minha varanda que as rosas desabrocham sem timidez, que as folhinhas nascem todos os dias e só piscar o olho que a planta esta cheia.

O inverno e o outono da minha vida passaram.
Meu coração está renovado de esperanças, minha mente repleta de projetos. Leio, trabalho, sonho...
Hoje, sábado, estou em casa. Está chovendo,e eu estou em paz.
Dormi a tarde, após o almoço que preparei com gosto pra mim e pra meu filho.
Fiz mousse de limão, li livros.
Nada me preocupou, sei que Deus cuida de mim, e está acima de qualquer obra, pessoa, projetos.
Tenho colocado minha vida nas mãos de Deus, pois sei que Ele cuida do meu coração.

Viva a primavera!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

flores, tudo a ver com tudo.

Não tem muito tempo, eu não era capaz de enxergar a natureza. Meus pensamentos estavam conflitados, numa era turbulenta. Não havia em mim paz para contemplar. Não lembro de flores na vizinhança, não lembro de plantas, ou de ter visto o desabrochar de uma rosa. Não havia calma para contemplação.

Mas Deus me atraiu, na forma de brisa, e sem dúvida, colocou um novo cântico em minha boca, e uma nova visão no meu olhar.


As plantas, as flores tem me ensinado muito sobre a vida, sua brevidade, fragilidade, encanto e beleza.
Sobre a significância do cuidar, da rega e dos raios solares. Nem muita chuva, nem muito sol. Cuidado diário, constante.


As vezes penso que a planta morreu, e quando vou tirá-la, para aproveitar o vaso e a terra, vejo as raízes vivas, coloridas, vibrantes! apenas não chegou o momento de vir à superfície.


Elas escolhem o lugar de serem felizes, verdes e encantadoras. Algumas morrem de tristeza se a trocamos de lugar.

algumas morrem ao toque, outras florescem e crescem ao som da minha voz.


A lei da sementeira jamais retrocede. Tudo que se planta, se colhe. Mais cedo, ou mais tarde.


As flores são coloridas, exuberantes, atraentes e cheirosas, mas espetam, e sangra.


Elas se voltam para a luz. foi fantástico quando descobri seus movimentos. que bom que não morri sem ter descoberto tanta grandeza.


É maravilhoso ver o botão se transformar em rosa, ver a primeira folhinha verde, ver o crescer espetaculoso de uma ex pequenina semente.


POSSO CRESCER. FAÇO PARTE DESTA NATUREZA. MINHAS RAÍZES ESTÃO VIVAS E MEU CRESCIMENTO É UM FATO.


obrigada, Deus, por me permitir descobrir as flores.