sábado, 27 de dezembro de 2014

Boas Festas! Será?


A vida é muito mais que um momento ou uma data. 
Somos tecidos com muitas teias, e como seria bom se não nos deixássemos emaranhar.



Há muitos mitos tradicionais, o de que a infância é a melhor época da vida de uma pessoa, que um casamento de 50 anos é uma vitória e uma linda história de amor, e de que as festas de final de ano são momentos de pura alegria. 

Não, não e não. Nem sempre para todos os exemplos. Tem muitas crianças, muitas mesmo, sofrendo, muitos casais que vivem há anos juntos e não se suportam,e lamentam terem se conhecido, e o natal também pode ser dias de solidão pra mais gente que possamos imaginar.

Eu tive uma infância alegre e com natais bonitos. Minha mãe sempre se encarregou de manter acesa a magia (até hoje!). Na noite do dia 24 ela deixava nos pés da nossa cama nossos presentes. Dia 25 era uma manhã de barulhinhos de presentes sendo abertos. Não houve um natal sem árvore com pisca-piscas e enfeites.



As peças natalinas na igreja eram um ritual a parte e é um presente nas minhas memórias. Fui Maria, mãe de Jesus, fui Ester e até a mulher de Potifar da casa de José. Ficar ensaiando na igreja após os cultos era uma diversão.

Apesar da família ser toda crente, e eu ter crescido na igreja, meus pais não me tiraram a magia do Papai Noel, e eu adorava vê-lo quando podia. Antigamente, não tinha shoppings e tantos bons velhinhos como hoje. Mas sem dúvida, pude ter todo o cheiro do natal, com suas rabanadas, e perus, nozes e castanhas. 

Quando me casei, nova ainda, desejei manter a chama, essa alegria que me embalou nos finais de ano, mas não era sempre possível. Senti a diferença, não era como queria que fosse, como imaginei.
Também nunca deixei de montar minha árvore, nem de enfeitar minha casa, mas na verdade, com 38 anos, sinto dizer que não tenho sentido o cheiro do natal. Essa sensação se foi...

Já fazem alguns anos que o Natal em família precisa ser divido, um pouquinho em cada casa, e sempre alguém fica um pouco chateado, querendo um pouco mais. Aí vai se tornando complexo quando os pais do marido ou esposa também são separados, e quando os filhos crescem , se casam e também vivem seus dilemas. 

A coisa toma uma forma que as Festas viram mágoas, brigas e tristezas de uma idealização feita e multiplicada ao longo dos anos, nos filmes, nos comerciais e propagandas que enchem de trilha sonora e famílias perfeitas nossos olhos e sonhos...

Para alguns, não é o problema complexo de saber onde se passará a ceia, mas o fato de não ter mesmo ninguém para passar. E cria-se dias e horas de eterno sofrimento. 

Por conta de tudo isso, tem gente que diz que não gosta do Natal. E se refletirmos, o verdadeiro sentido do natal, seu significado é esquecido. O nascimento de Jesus é o motivo do feriado e das festas. 

Escrevi esse texto hoje porque pensei em um amigo em particular que sinto que está triste. Então afastei meu olhar e entendi que pra  nem todo mundo essa é a melhor das épocas. Por lembranças, idealizações, solidão....

Que dentro das nossas festas haja consciência, e solidariedade... Que possamos planejar nossas festas e presentes pensando no próximo, no amigo que ficará sozinho...

Que possamos compreender que as festas podem ser bonitas mesmo longe das idealizações. Pra poder viver momentos mais simples e bonitos, com a magia e amor...

Que ninguém culpe ninguém, ou julgue, aos pais, filhos, amigos. A vida é difícil pra todo mundo e a compreensão tem andado tão longe de nós.

Que possamos aprender a nos amar de um modo sereno, compreendo que não temos o controle de tudo, ou de quase nada, e aprendermos a sermos gentis com nossos sentimentos.

A Virada tá chegando aí...
Como vai ser pra você?