A noite de sábado foi fria, e eu a vi passar lentamente...
Parecia que ela simplesmente se recusava a ir.

.Do cansaço à rouquidão, ao estresse de ter sido roubada , me vi completamente
Não acreditava, e tentava testar meu próprio som, sem sucesso...
Minha voz secou.
Minha voz secou.
Nada, nem um fio esganiçado, nenhum som.
Fiquei com muito medo.
Sozinha em casa com meu filho, só consegui me comunicar através da escrita.
Não podia atender telefone nem responder ao meu filho...
Pensei em várias coisas... e se eu precisasse alertar sobre um perigo...
Fiz gargarejos, tomei chás, comi maçã.
Chorei.
A impressão que tive era que minha voz não voltaria mais.
Consultei relatos na internet, e nada li que aliviasse o meu desespero.
Pensei sobre as deficiências e as muitas vidas com historias de superação.
Quando não pude mais suportar a solidão do meu silêncio, escrevi para meu filho, pedindo-lhe que ligasse para minha mãe.
Ela veio, pontual . Sentou comigo, e tentava me acalmar. Escrevi para ela meu desespero. Perguntei se a voz voltaria.
Primeiro, ela orou com suas mãos em minha garganta.
Depois deitou ao meu lado na cama, e ficamos conversando... Ela com sua voz, e eu com minha caneta.
Até rimos em alguns momentos...

Depois de um tempo, quase dia, minha mãe caiu no sono. Pedi que ela fosse para casa, embora ela estivesse decidida a ficar.
Tanto afeto recebido, que meu desespero se aquietou, e vencida pelo cansaço, adormeci.
Fragilidades...
Coragem e medo, Ousadia e insegurança.
Saúde e doença.
Por sua vez, o medo é o espelho que reflete solidão.
Diante disso, somente o afeto, o amor, o outro, aquele que tem o toque, a fala, a presença tem a cura.

Somos seres incompletos.
Mas as vezes é preciso mais que o silêncio para nos dar conta.
É necessário, que todas as vozes, inclusive o nossa própria, seja silenciada, para entendermos um pouco melhor sobre nossa essência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário