sábado, 30 de janeiro de 2010

Para minhas amigas- reflexões sobre saudade e vida

É quase manhã.O relógio marca 4:45.
 Tive um pesadelo no meio da madrugada. Liguei a TV e vi O Gladiador. Considero que não é o melhor filme para se ver após um pesadelo, mas destraiu-me um pouco, um pouco, do mau sonho...

Não vou contar aqui o que  meu subconsciente trouxe ao mistério do sono, mas vou falar sobre o que tem tocado a minha alma... No silêncio da noite posso aqui, dedilhar as teclas e revelar algumas páginas do meu livro interior.

Durmo triste há dois dias pois perdi a oportunidade de estar com duas amigas que não vejo há anos. Revi Késia no enterro do Joel, e foi uma cena que jamais esquecerei...
Enfim, passei muito mal anteontem, no dia que as poderia ter visto, mas minha justificativa não encontra perdão em mim mesma. Parece exagero, quando o leitor passa os olhos nesta frase. Como eu disse a meu namorado:" Você não poderia compreender..."
A amizade construída entre nós, tem uma raiz profunda. Não há tempo, nem distância que a isso possa destruir. Mas tem a saudade, melancólica como o outono...Uma bela paisagem, porém triste. Sabemos que virá a primavera , mas enquanto outono... Outono...

Minha infância e suas alegrias são responsáveis pelo que sou hoje, e esta história foi tecida com fios de ouro e mãos de fada. Fui a "Tuti" da Neilda, o "Café-com-leite" nas brincadeiras,  e a eterna romântica escritora que obrigava os amigos a ouvirem suas inúmeras poesias. Varando a madrugada, com risos cochichados, nossos quartos se enchiam da mais pura essência do ser: O amor e a amizade, destituídas de qualquer interesse.
Real. Absoluta.

Tenho fotos espalhadas pela casa.  O sorriso e os sonhos de uma vida estampados nos nossos olhos. Estivemos unidas em nossos sonhos, Compartilhamos as emoções de nossas paixões e amores "ditos" impossíveis. Vivenciamos as alegrias dos primeiros beijos e das lágrimas adolescentes dos nossos corações partidos... E era tudo tão mágico!!!!

E então, optamos , ou não, por crescer e tornarmos adultas. Com as responsabilidades,  vieram as decepções impostas por quem  se arrisca, e como não dizer das dores não planejadas.
Hoje lamento, que não tenha estado junto de minhas amigas quando precisaram, e sei que das dores que passei, muitas seriam amenizadas com a presença  delas...
Sei que cada uma de nós, passou por experiências difíceis, coisas que jamais pensávamos cogitar quando sonhávamos acordadas em nossos delírios de meninas.

Amigas, perdoe a minha ausência.
Amigas, desejei o vosso colo...

........... Tudo em minhas palavras tem hoje, uma expressão mais forte, e o significado do que escrevi se justifica na mudança que se fez em mim, após o falecimento de meu amigo.
Assim, como em minha mais tenra e bela juventude, recheada de contos de fada não medi, nem cogitei os dissabores das desilusões que qualquer ser humano passa, também não previ a realidade fria da separação definitiva entre corpo e espírito: Morte.

Com tanta vida e juventude não houve tempo para pensar nela. De certa forma, com pensamento consciente e sóbrio, consigo ser grata pois só ter sido apresentada a ela, com 33 anos. Muitas pessoas a conhecem até mesmo nos primeiros anos de vida e sofrem perdas irreparáveis (a perda de pais).

Inevitavelmente, um dia ela veio. Não tem nem um mês. E mesmo tendo em meu coração a consolação do Espírito Santo de que nosso amigo está em paz, nos braços do pai... aqui fica a ausência presente.

Muito se aprende.Muito a aprender.
Muito a lembrar. Muito a esquecer.
Muito a reconsiderar, muito a perdoar.
Ainda muito a viver e a sonhar.

A vida é bela, com seus encantos e desasossegos. E nos desencantos o ombro amigo faz a gente rir.
Com amigos a vida resignifica e reage.
Com amigos, gargalhamos das desilusões e encontramos formas doces para amenizar.

Por isso lamento , não ter consiguido ir ver vocês na quinta-feira.

No meio dessa correria da vida, da luta por uma trajetória digna, nos dilemas das impetuosas inesperadas surpresas, que nos obriga a sérias tomadass de decisão, e nos desgasta... Amigas, vocês são um oásis no deserto.

Ouvi este mês, da minha amiga, que não citarei por não ter permissão: " A vida tem cheiro. As pessoas tem cheiro."

Quero aguçar meu olfato, e me permitir sentir mais os cheiros da vida, o perfume singular de cada amigo.

Amigas, desejo estar com vocês, sentir, ouvir, rir, cheirar.

Amo muito vocês.
De sua  eterna "Tuti"

Um comentário:

Jesus - Salvação disse...

Ola Ruth tudo de bom a voce olha Deus tem bençãos em tua vida... Valeu