domingo, 2 de agosto de 2020

Nunca diga Nunca - Eu disse

E então na infância me deram o quase sobrenome  de perfeita. Não nasci de um.jeito pirracento, que contraria, que nega. Fui criança  de aceitar. Se me diziam que eu era feliz, então eu era, se me diziam que eu era cruzereinse doente, imaginava que alguma doença que deixava pessoas felizes ou explosivas tomava conta de mim.

E assim segui. Case! Casei. Case virgem! Casei. Aguente quieta e seja virtuosa e sábia.  Eu tentei. Eu escondi ate de mim a minha infelicidade, a dor de ser humilhada. Eu aceitei. Afinal, eu não tinha o direito de chorar pois me ensinaram que todo cristão era feliz. Então, eu também era. Só não podia compreender tamanha dor num.corpo tão pequeno e numa cabeça cheia de ingenuidade. 

Mas não aceitei pra sempre. Comecei a questionar em segredo. Meus olhos foram.abrindo como quando Eva descobriu a maldade.

Sentimentos, dor, dúvida, medo se misturaram.como em um liqüidificador. Eu duvidei da minha humanidade. Temi a Deus e ao diabo. Temi meus pais e a igreja. Tive medo do inferno , suas chamas, seus demônios chifrudos e de rabos cortantes.

Diante das crenças que aprendi e se tornaram minha segunds pele eu ja estava condenada.  E minha opção foi aceitar naquele momento a sentença da solidão. 

Eu andei só pois não tinha a quem me confessar  e pelo que tudo indicava a divindade me deu as costas.

Fui apalpando a escuridão.  Encontrei farpas e abraços.  O melhor de mim até hoje não foi suficiente para nada que eu tentasse fazer certo . Entrei em Missões pela vida. No meu trabalho dei meu sangue. 

Eu errei , politicamente, religiosamente, bem feio ano passado.  Eu desisti.

E depois de desistir continuei capengando pelo correto. 

Eu errei nas escolhas.  Não de propósito.  De muitos nuncas farei, fiz. E continuo.

Desisti de inventar a minha árvore protetora. Eu estou por mim. 
Meus textos não são auto-ajuda, são desesperos pingados.  Morte que se derrama aos poucos, caindo feito pedaços de corpo de Zumbis.

Deu errado. Deu tudo errado.

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