sexta-feira, 24 de julho de 2020

Ausência

Ausência

Quanto Tempo para Resistir?




Eu não sei com o lidar com esse sentimento. A saudade de quem está vivo e perto embora pareça doer menos do que a falta de quem já morreu, é bem forte. 

Ausência na presença.
É como conviver com um fantasma. 
É como estender a mão pelo corpo do outro e transpassa-lo. É olhar e não ser visto. 
É sorrir para o além.

Em atos insanos tentamos conversar com a alma que já não habita aquele corpo. Sim, o coração desta pessoa bate e ela respira mas ela não te corresponde .A agonia aumenta quando você parece se dar conta de que o fantasma é você. Que foi você quem morreu. Para o outro.

E nas crises de saudade, o telefone, o e-mail, as mensagens, redes sociais, pessoas se tornam armas. Explosão, choro, gritos internos. Onde está o sentido?

Aquele corpo que um dia fez o meu incendiar.
O sorriso que me arrancava risadas tímidas.
O olhar que me ora me despia, ora me aquecia.
A boca e a língua que se unia aos meus lábios.
O abraço tão quente e macio. 
A voz perfeita para meus ouvidos.

Nossa rotina de imperfeições era o que eu mais gostava. Eu ainda amo seus defeitos que te torna ser frágil e resistente.
Vontade de andar de mãos dadas.

Saudade de encostar minha cabeça no seu peito e sentir sua mão alisar meus cabelos.
Nossas loucuras, que eram nosso segredo.


E então cercada de todas estas lembranças continuo te vendo, sem ser vista. Falando, sem ser ouvida. Sorrindo para o nada. 

Saudade gigantesca de nós dois.
Irão me julgar, dizendo que devo me amar , valorizar e tantos outros temas de amor próprio.

Não, eu não vou pirar. Eu continuo. Eu prossigo. Porém não lutarei contra a saudade. Ela irá caminhar comigo até que nossos passos finalmente se desencontrem, que ela vá perdendo a forma e textura e aos poucos se dilua no próprio ar.

Por hora, sua chama queima e arde. 

O tempo em algum momento, fará a ausência ser apenas ausência. 

E ponto final.

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