domingo, 4 de agosto de 2019

Mulher Empoderada


Não fui eu quem inventei o título. Foi um quadro que comprei na rodoviária Novo Rio, quando fui levar minha prima Lirane para trocar passagem . Resolveu ficar mais dias no Rio para nossa felicidade. 




Enfim, coloquei o quadrinho na cozinha. Gosto de olhar pra ele. 
Pode ser que nesse mesmo blog, que já é antigo eu me contradiga, mas não ligo, pois mudanças ocorrem, e muita coisa aconteceu desde que esse blog começou. 

Nem sempre as pessoas entendem, e eu as compreendo, pois cada um tem seu próprio tempo, mas minhas experiências me conduziram a este posto. Alguns dizem que sou feminista, eu digo que sou sim a favor das mulheres, dos seus direitos, que são donas do próprio corpo, que mandam em si mesmas. Elas devem vestir o que desejarem, dizer não e sim conforme o chamado de sua intuição. Se quer ser mãe e dona de casa, ótimo! Se quer ser empresária, ótimo!Quer morar só? Legal! NÃO quer a maternidade? Maravilha! Quer 5 filhos? Beleza! Quer ficar solteira? O Maravilha! Se quer ser uma atleta e jogar futebol, que lindo! Se houver um companheiro que esteja ao lado dela e a encorajem, maravilhoso!!! E, se ela quiser dizer sim à ser subestimada, a ser xingada, desrespeitada, o que fazer?
Respeitar sua decisão. Mas conversar com jeitinho e amor talvez seja uma prova de amizade.

Não escrevo nada seguindo modinha. Mas é claro que leituras, palestras, conhecimento agregado esclarecem meu ponto de vista e me trazem mais tranquilidade, mesmo diante de algumas tempestades.

Eu casei novinha. E quando casei era uma menina da igreja, que tinha como rotina:  Escola, casa, igreja, cursinhos e férias em família. Cresci vendo minha mãe se ajoelhar e tirar as botas do meu pai e implorar para que ele dormisse com ela.
Tínhamos aquela mesinha com rodinhas, e minha mãe arrumava a comida toda em potinhos, a melhor parte da galinha era para ele, e fui ensinada que eu devia estudar e casar. 

Eu era obediente e não tinha o hábito de questionar. Com os olhos, eu e meus irmãos entendíamos tudo. Não digo que meu pai era ruim, mas trouxe de sua aprendizagem e cultura estes hábitos. Assim era minha avó Rita com meu avô . E também minha vó Amélia com meu avô Francisco. E lá estávamos nós, olhando e vivenciando aqueles ritos de geração à geração.  

Fui criada pelos meus pais com mimo e muito amor, e ter um príncipe e servi-lo era realmente o que desejava. Ainda estou me perguntando se as princesas precisam mesmo dos príncipes para resgatá-las. Não deixei de acreditar no amor, mas tem uma hora que é preciso pensar e mudar atitudes. 

E como imaginei, fiz. Mas o lado de lá não foi legal, 
Há um tempo atrás eu era incapaz de tocar nesse assunto. Não me sentia capaz de relembrar, e obviamente não é o melhor que se possa pensar sobre a realidade de um casamento. Pra dizer a verdade, meus escritos à caneta estão ao meu lado na cama, mas minha coragem ainda está limitada. 

Ele era o tipão gente boa, risada larga e simpático. Era impossível conhece-lo e não  considera-lo um excelente partido. Todo mundo gostava dele. Eu também gostava, achava que sim. Se algo dava errado, certamente eu colocava a culpa em mim, e pedia desculpas, Só queria a perna dele entre as minhas à noite, e tinha verdadeiro pavor de perde-lo,

Eu não entendia muito bem de leis. Ele não me batia. Mas eu entendia de choro, aquele bem dramático, de deitar no chão do banheiro, pra que as águas do chuveiro se misturassem às minhas lágrimas. Sofria sozinha, apenas escrevia,,,, Eu tinha vergonha de falar do caos que vivia.

Não dá pra contar treze anos num post, mas para justificar o título, se ele não gostasse da comida, jogava no chão.... A metade de seus sucos, água, cerveja não eram no ralo da pia da cozinha, nem no chão, ou vaso do banheiro, era no meu rosto. Ele fez isso, muitas vezes. Eu me encolhia por dentro e por fora, mas eu não podia perder seu amor, e mesmo sabendo que aquilo tudo estava muito errado, eu colocava minha lingerie e deitava na cama para que ele me abraçasse. Aprendi que era na cama que as coisas se resolviam. Se isso não é se prostituir, o que mais é?Só que eu ganhava um café da manhã na cama, um beijo, até as próximas horas trazerem todo o drama de novo. Escrever isso não é fácil não, eu preciso vencer a vergonha de ter aceitado isso tudo. Mas como falei, processo. O meu demorou... mas eu me desvencilhei...

Antes que eu passasse para o concurso público, ensinava em casa em aulas particulares. Eu ficava com nosso filho pequeno e muitas crianças,  enquanto ele ia para praia. Todo o dinheiro eu entregava em suas mãos. A essa altura você deve estar me xingando de burra, mas eu estava na preservação do meu casamento, eu não estava preparada, eu simplesmente fazia. 

Eu era uma garota ainda, mas ele me chamava de feia, gorda, que ninguém além dele ia me querer, que eu jamais conseguiria alguém melhor que ele. De dia eu era a filha da puta, a cachorra, a noite eu era sua rainha, Todos os meses me trazia ursinhos para relembrar nosso casamento. Ele também me trazia flores e me levava ao shopping. A gente andava de mãos dadas, ia ao shopping, e à praia. Meu coração sabia como as coisas aconteciam de verdade.



Ao final de semana ele voltava muito bêbado e quebrava as coisas em casa e me ameaçava com olhos e atitudes. Eu que fui criada como uma princesinha, poderia até tirar o sapato de um homem, se ele fosse mesmo um príncipe, se bem que, são os príncipes que deveriam tirar o sapato da princesa. Mas enfim, a história da realeza nos prova que não há muito romance entre reis, rainhas, etc e tal.... Diga aí princesa Diane.,,,

Por hoje é só. Há histórias que ainda escreverei, pois vou abrir a caixa de pandora, com tudo que já relatei... e vou registrar. Não vou queimar, vou abrir, reler e compartilhar... Talvez ajude algumas mulheres a entenderem que é possível sair da prisão.

Quando você lê nas minhas redes sociais eu falando sobre empoderamento feminino, e que lugar de mulher é onde ela quiser, não me julga não. Tem muita mulher vivendo absurdos e que precisam saber que é possível sair da lama. 

Logo conversamos de novo. 
Lugar de Mulher é Onde Ela Quiser.




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