sábado, 3 de agosto de 2019

Pensão Alimentícia


Sobre a Lei da Pensão Alimentícia todos podemos consultar Google, advogados, defensoria pública... Mas pretendo escrever aqui um pouco além do que já sabemos.

Claro, nem todas as mulheres passam pelas humilhações, medo, fragilidade, mas as que conheço, que são muitas, sofrem constrangimento e dor. Eu ainda passo por isso, apesar dos anos terem passado.

Hoje ouvi de uma amiga, que se pudesse, desistiria de tudo, que está passando a pior fase da vida por lutar pelos direitos de seus filhos.

Eu a encorajei a continuar persistindo, que se fosse chorar, que fizesse em casa, mas que mantivesse a cabeça erguida, pois não estava fazendo nada errado, mas fazendo o que era certo por lei pelos filhos deles dois. Não apenas dela, mas dele também.




Não é de hoje que assistimos casos bizarros de homens pobres e ricos, ou muito ricos que ousam não cumprir o normal, a lei para com aqueles que também são seus. A mulher abrigou em seu ventre, mas não fez os filhos com os dedos. Houve a participação de um homem.

No entanto, o que me incentivou a escrever sobre isso foi a lembrança de dias terríveis que passei lutando por uma pensão que desisti. Não quero ser hipócrita e contradizer tudo que eu disse acima. Eu me arrependo de não ter tirado forças do além para cobrar nem que fosse uma moeda( e não era muito longe disso). Eu desisti mas não foi no início, eu lutei, mas a cada três meses era humilhação, sentimentos nocivos corrompendo meu coração, envenenando minha alma.... Qual o motivo? 

Essa mania que a gente inventa do amor e justiça:

"Ele ama nosso filho"
"Não vai abandonar o filho"
"Ele pode ser tudo, menos um pai ruim"

... Até que chegue a notificação oficial.

Como já disse , isso não é regra.

Infelizmente, fiz parte das mulheres que passam por isso.

Uma vez, em uma das audiências, ele chorou, forjou uma crise de pânico, disse que ia se jogar pela janela, que tinha trombose... Ele chorando e eu boba, sim, muito boba, me senti engolida por aquelas todas pessoas sentadas ao redor de uma mesa que hoje em flashes me faz recordar de uma mesa gigante, Era como se eu fosse a vilã, a má. Ele chorava.... 

A juíza perguntou se eu aceitava o acordo proposto por ele, e eu estava lá, assinando papéis. Concordando, acenando a cabeça. Sozinha.

Tudo errado. 

Agora vem a parte ainda mais interessante daquela tarde, Saí daquela sala primeiro. Escutei um psiu sacana, e era ele, que disse em bom som e articuladas palavras sarcásticas: "Quer dinheiro? Vai trabalhar, vagabunda!"

Continuei descendo as escadas, e minhas orelhas e nuca queimavam, as lágrimas traidoras rolavam quentes. Na rua, enquanto eu atravessa para o outro lado da calçada ele gritou: "Quer uma ajudinha pro táxi?"
Eu parei. Coração acelerado. Entrei no bar e pedi uma cerveja. Chorei como uma bêbada, e contei pra todo mundo ali o que tinha acontecido, pois simplesmente não conseguia parar de chorar. Eu não conseguia andar. Fraquejei. Me senti sozinha. 

Não, eu não era uma vagabunda. Trabalhava em duas escolas e dava aula particular em casa. Nada nunca faltou a meu filho. Nem educação, alimentação, ou carinho.

Arquei com tudo mas não fiz o correto. Permiti ser carregada nos braços espinhosos da emoção, e isso ainda me espeta. Eu me arrependo.
Tentei outras vezes, mas era tão penoso, doloroso, que compreendo quando minha amiga disse que queria desistir de tudo. Mas sei que estou certa quando digo pra ela não desistir. Eu insisto para que ninguém siga meus passos tão vacilantes.

Eu confesso meu erro. Fui negligente, era meu papel advogar os direitos do meu filho. 
Mãe leitora, chore em casa, deixe doer... Em algumas vezes vai sangrar sim,  mas cumpra seu papel. Não se entregue aos braços falsos repletos de espinhos, pois eles não saem do seu corpo nunca mais. Por isso é melhor que lute, que procure todos os seus direitos, aja conforme a lei, e proteja seu filho.

Lembre-se, é direito do seu filho, não é seu dinheiro, é dele. 
Que seja uma moeda, ou um milhão, não desista.
Sabe os espinhos que eu falei, eles me espetam ainda, depois de tantos anos.
Seja forte, ou, continue forte, você pode! Não se vitimize, olhe para cima, levante suas costas, levante a cabeça! Você está fazendo o correto, cumprindo a lei, e amando seu filho.

Não aceite menos do que a justiça determina.
Enfrente, em frente. 
Incentive suas amigas. 

Aos pais e mães que cumprem seu papel, fazem o que é certo.


Um comentário:

Unknown disse...

Triste e dolorosa realidade de muitas. Isso é cansativo , doe , machuca ... Estou sentindo na pele dia após dia ... E são essas palavras que me motiva e encoraja a seguir em frente , de cabeça erguida, chorando escondida sem deixar traslarecer que estou em pedaços. Pois o fracasso jamais será fonte de vitória.