sábado, 18 de maio de 2013

Comunidade Pacificada - A Esperança de Novas Gerações





Soldado com a mascote da creche - Cristal 


Recordo de quando era ainda bem menina, gostava de prestar continência para a polícia. Tinha um  respeito inocente, verdadeiro, belo por aqueles que guardavam a cidade, nossa casa e protegia nossa família dos bandidos. Essa é a lembrança que tenho da polícia: Os homens da lei ,do bem.


Com o passar do tempo, fui descobrindo a corrupção pelos jornais, ou vivenciando as decepções do dia-a-dia. Contudo, sempre soube que onde há o joio, existe o trigo, e excelentes policiais todos os dias arriscam suas vidas em favor do cidadão.  


Quando entrei para o quadro de professores do Município do Rio em 2001, trabalhei na Comunidade de Nova Brasília e da Fazendinha no Complexo do Alemão. Naquela época o poder do tráfico era forte, e as crianças acreditavam que os heróis eram os "donos do morro". Eles era "donos" das melhores motos, tinhas as mulheres que desejavam, os tênis da  moda e mandavam em tudo e em todos. O estilo de andar, o jeito de falar eram imitados pelas crianças. O caminhar malandro, a cara amarrada, o olhar mau... exemplos dos seus heróis. 


Lembro que tudo que tocavam virava arma. Podia ser lápis, caderno, cadeira... apontavam o objeto para algum lugar e simulavam atirar, a boca reproduzindo o som oco dos tiros. 


Quando a polícia chegava com suas sirenes altas, os meninos corriam pra janela, subiam nas cadeiras para poderem ver, e xingar: "Vermes!, Os vermes tão chegando!" Eles defendiam os bandidos! Isso me chocou por um tempo. O pior foi isso, foi só por um tempo, pois depois de alguns anos, tiros, armas, já não me assustavam mais. Apenas a tristeza, e o profundo vazio, de ver crianças crescendo em um meio violento, com valores invertidos.


Atualmente trabalho em uma creche no Caju. Já vivenciamos momentos muito difíceis por conta da violência. Finalmente neste ano , a comunidade foi pacificada, trazendo alívio aos moradores. No começo da  pacificação, pais e crianças  estranharam um pouco a presença policial. Antes,só se via polícia para confronto. Atiravam, matavam  e depois a comunidade continuava sozinha com os seus conflitos e violência. Agora, a UPP é constante. 



Diretora Adjunta Lilian (vestido) e Diretora  Rute Albanita

A primeira vez que os soldados entraram na creche , fardados, as crianças, mesmo tão pequeninas temeram. Não se manifestaram muito. Algumas sorriram de longe, outras se esconderam. Mas agora, elas até  abraçam os policiais. É emocionante ver a autoridade em seu devido lugar, podendo entrar e sair da escola, sendo abraçada e querida pelos nossos anjinhos e respeitada pelos moradores.


Já tem criança dizendo que quer ser polícia quando crescer!!!
Ontem, os policiais brincaram com nossa mascote, a coelhinha Cristal e eles a levaram para conhecer outras escolas e creches da região.


Essa relação de paz, de diálogo e carinho tem um significado mais forte do que eu possa conseguir descrever em palavras. É mais que o retorno da esperança, é a sua ressuscitação. Se algum dia alguém dissesse para qualquer um de nós daquela comunidade que cenas como a dessas imagens aconteceria, nós iríamos gargalhar! 






É bom poder voltar a acreditar. É belo assistir pais apertando as mãos da autoridade do bem.
É bom poder voltar a ter esperança em gerações mais felizes.





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