sábado, 13 de abril de 2013

Colapso Carioca


Todos os dias uso o transporte público para trabalhar. Acordo, desperto meu filho para que vá à escola e antes de sair faço minha prece . Peço por proteção, segurança e  misericórdia. É preciso contar com a fé, quando vemos no cotidiano , as vidas ceifadas de forma absolutamente banal.






A vida é frágil e preciosa e tal como um taça de cristal deve ser cuidada com zelo. No entanto, o que vemos é que as pessoas matam, e agem de forma negligente esquecendo do valor de uma vida.


Ontem faleceu a jovem de 28 anos que  foi atropelada pelo ônibus da linha 685, Méier-Irajá. Ela atravessou no meio da avenida? Ela se jogou? Não. O Ônibus invadiu o posto, onde ela estava com seus dois pequeninos filhos, também atropelados.






Antes de ter a morte cerebral anunciada, ela precisou ter suas duas pernas amputadas. Mais uma vítima recente do que acontece no dia a dia do transporte público da Cidade Maravilhosa. Tem noção do horror que isto é? Uma mãe que está com seus 2 filhos na rua, e sua vida é arrancada brutalmente por um acidente absurdo? E agora? Há algum tipo de indenização que se pague por isso?


Semana passada, após briga de passageiro e motorista o ônibus despencou do viaduto como um brinquedinho que cai de uma mesa. Só, que naquele transporte havia pessoas, com planos, sonhos, famílias, filhos... Um corte na alma de quem ficou. Um vazio que jamais será preenchido, a sensação de indignação eterna... Podia ser qualquer um de nós... Sete vidas se foram, mas à do motorista e do passageiro  foram preservadas (?) para que cada um contasse sua versão da história, para serem odiados pelas famílias das vítimas, para continuarem extrapolando em suas emoções.





O que nós vemos pela janela do ônibus,de casa,  pela tela da tv ou note são ex vidas envoltas em sacos pretos. Antes de serem cobertas pelo saco, é necessário a mais cruel das constatações: Ausência de pulso, morte, fim.  E as autoridades, será que  também enxergam? Será que estão percebendo o sofrimento deste povo? Ou talvez não há necessidade de se importarem, visto que se sentem inatingíveis. Será que as tragédias diárias de alguma forma, os afeta?





Queria poder defender, ou estar errada, mas como se justifica a quantidade de pessoas dentro de um ônibus, no qual o motorista dirige , recebe dinheiro, abre porta, fecha porta,dá troco? Qual o grau de estresse desse motorista? Pego ônibus todos os dias, 4 só para ir e voltar do trabalho. Vejo descaso, estresse, medo, fora a total ausência de conforto. Alguém sai lucrando com isso, e não é o povo.


Vivemos um caos urbano, um Rio colapsado. Mortes e mais mortes, epidemia de dengue, trens fora dos trilhos, literalmente. Metros superlotados. Você já pegou  metrô as 17h na Carioca, Uruguaiana ou em Maria da Graça às 6 da matina? Se você conseguir entrar, me conta. Desgraças anunciadas. Sinceramente, é difícil engolir que mesmo diante de tantas desgraças, nada seja mudado. Os jornais passam, jornalistas se aventuram no nosso dia-a-dia em metros, ônibus e trens e mesmo depois de passar na tv, ir para as colunas e redes sociais, no dia seguinte tudo está como sempre foi ou pior.





Nós, contribuintes, pagadores das tantas taxas somos reféns de nós mesmos, que por conta de estresse altíssimo ,viramos bombas. Motoristas e passageiros estressados, usando suas bombinhas de asma, remédios controlados, gerando uma amontado de tensões que daí um pouco extravasam , explodindo, e matando inocentes.






Enquanto isso, tudo continua. Não importa as mortes, motoristas continuam cobrando e dirigindo ao mesmo tempo. Nos automóveis particulares, é preciso que todos usem o cinto de segurança, ou a multa come, porém em ônibus pode ir 40 em pé, e a pessoa que dirige é obrigada a acumular funções. O que está acontecendo? Quem anda de ônibus, tem menos valor? É inconcebível, é um absurdo tão grande que fica difícil achar palavras que descrevam minha revolta.


Nas vans , estupro.
O que me enjoa, embrulha o estômago, é saber que foi preciso um estrangeiro, um turista ser violentado para que fosse feito algo. Os mesmos marginais que abusaram da turista, já haviam feito o mesmo com o povo nascido nesta terra, mas nada veio à tona...

Na terra dos turistas assaltados, estuprados , as autoridades mandam ter cautela com nossa cidade, é perigosa...


Será preciso que morram turistas em nossos transportes, que estes caiam dos viadutos para que algo seja feito? Nosso sangue brasileiro tem menos valor?



É preciso orar, ter fé pois aqui, está muito difícil.





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