Me deixa sentir esse ar fresco sem medo, descansar nesta alegria que vem da paz, da quietude, da ausência de turbulências.
Se há algo certo na existência humana, são os problemas que ela tem, as dores, as doenças, o vazio da conformação da perda. As perdas... Todo tipo de perda, amigos que nunca mais voltam, amores que nos esvaziam até de nós mesmos, e a dor solitária da partida concreta, do mármore gelado, da profunda e indescritível frieza dos cemitérios, de quem deixamos lá...
Conflitos internos, aspereza do inevitável, hospitais, dor e tristeza contribuíram para que eu desse valor a esta paz, a minha presença no presente, à gargalhada verdadeira, ao sorriso em meio ao nada.
Pessoas julgam por ser esta uma prática inerente ao homem. Julgam a roupa, os sapatos, a cor do batom, o sorriso, o peso, a alegria, a falta dela... O olhar envenenado de alguns criam, inventam histórias baseados no tamanho da saia, na conversa de um minuto, nas lágrimas...
História cada um tem a sua.
Me olhe e forme suas opiniões.Somos “livres” Independente disso, sei bem de mim... Eu tenho uma história, sei de onde vim, os caminhos que percorri, minhas graças e desgraças, erros e acertos, loucuras, segredos, verdades e mentiras e inúmeras superações.
Na hora da minha dor, em que me arrastei pelo chão em busca daquilo que era lixo, e eu não sabia, quem estava lá? Eu. Os anjos. Deus.
Quando entrei no hospital com meu filho nos braços, sua pele ardendo em febre, meu coração desamparado, minhas certezas dissipadas, quem estava lá? Quem me abraçou enquanto desfalecia escorada em paredes?
Quando as manhãs e as noites não tinham diferença, e sol e lua se misturavam, quando esperava a loucura chegar ao limite, e eu não sabia mais o que fazer de mim, quem estava em minha companhia? Quem sabe quantas vezes, confrontada pela doçura disfarçada da loucura, me esforcei além das forças para manter a sanidade e a fé?
Quem estava para me olhar e dizer que tudo passaria, que era uma fase, que as coisas melhorariam? Qual mão humana se estendeu em meio a escuridão da minha falta de orientação?
Não. Não venha julgar meu sorriso sem saber quais as pontes que passei, os mares que naveguei, as tempestades que atravessei. Meu escudo foi a fé que não perdi. Como diz Jesus, basta que ela seja do tamanho de um grão de mostarda. Resistência e resiliência, e capacidade de massacrar diariamente um anjo mau que assoprava em meu ouvido a vantagem e o conforto da desistência.
Não me entreguei e continuo batalhando em uma vida de desafios e trabalhos. Não me rendo aos caprichos da tentação de se entregar, e dormir... Venço minhas limitações, ignoro as fantasias adolescentes e prossigo .
Fácil julgar, basta abrir a boca e destilar veneno.
Estou bem. Confesso que algumas vezes, por alguns minutos seja tentada a pensar no que a vida poderia ter sido, naquilo que não foi evitado, nas dores que não precisava ter sentido e nas seqüelas das escolhas que fiz, mas repito, sou como fênix, renasço.
Tenho bom humor, dom meu. Difícil encontrar quem tenha me visto sem ele. Fui capaz de sair com a garra de achar graça das coisas, mesmo quando o espírito se desprendia da alma e do corpo.
Hoje , neste final de ano, estou bem. Ano passado, nestas festivas datas, onde todo mundo comemorava, eu me fechei. Triste, escolhi meu quarto e a solidão. Isso também desenha minha história e dá significado ao momento que vivo.
Então é isso. To com um gosto bom na boca, coração batendo no compasso, mente tranqüila. Estou exatamente aqui, no presente.
Sim, há de fato um sorriso em meus lábios. Quero aproveitar, porque vida é processo, tudo é constante mudança. Comemoro o hoje pois há vida pra viver, sonho pra sonhar. Quero viver o momento de paz.
Um pouco de mim, história e trajetória.
Ah, se pudesse... Eternizaria tamanha paz.
Um comentário:
Passando amiga para desejar-lhe Um Feliz Ano Novo, cheio de muitas Alegrias, Saúde e Realizações! Feliz 2012! Paz e Luz! Mil beijocas.
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