segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Desejo da vida


Acho que hoje a natureza me brindou interferindo na minha pressa, e me sacolejando.
Saí do trabalho às 17h, peguei o ônibus, o metrô e ao descer a rampa para ir pra casa, a chuva caiu forte, fria e pesada.  Não estava de guarda chuva e me entreguei ao banho da água que vinha do céu. Não corri nem tive pressa, acho que me acalmou, uma espécie de entrega...
Foi o tempo de chegar em casa e a chuva parou. Não me importei com a roupa e cabelos encharcados, na verdade, o frio das gotas me confortou.

Pouco depois,  soltei minha cadelinha no quintal, e quando o pensamento estava pronto para  ser fisgado pelas preocupações, contemplei o céu. As nuvens se amontoavam, parecia um quadro. Lembrou-me uma pintura de Monet.
Tenho que confessar que nos últimos tempos, não tenho olhado céu,  nem as belezas da natureza; elas continuam radiantes, eu é que olho sem ver...
Rapidamente um flashback da infância, lembrança do tempo que nuvens se transformavam em elefante, ursinho, casa, coelho, carro, dinossauro... De verdade, acho que hoje meus olhos não mais enxergam, e lamento a perda da imaginação, própria das crianças.
O ano que passou não foi fácil, e a mágica da virada não detonou e tornou em nada o que já estava, o que era fato. Os móveis continuam no mesmo lugar.
Mas admito que a mãe natureza me comove, sou dessa matéria terra, sou parte deste infinito universo, sou mistura dos elementos fogo, terra, água. Estou imersa.

Me completa e me dá energia quando enterro meus pés na areia da praia e deixo a água salgada banhar meu corpo, sentir o gosto do sal na boca ao retornar de um mergulho... 

Minha vida se eterniza em minutos quando posso andar descalça sobre a terra marrom e molhada após a chuva, o cheiro do mato, o vento, a folha... Obras do Criador que supera  qualquer terapia.
 
.......
No turbilhão de incoerências que se apresentam de repente, como um filme visto pela metade, respondo com as batidas do coração,  a respiração ofegante...
Quero um tempo pra olhar a vida, subir ao topo da montanha, tomar banho de cachoeira, sentir o vento, ouvir o barulho do vento, pisar na terra, jogar pedrinhas no rio, pegar a fruta no pé, cheiro de manga rosa, olhar as estrelas, colher flores do campo... rever conceitos, agradecer e retomar.


3 comentários:

Neilda, Rioeduca - 8ª CRE disse...

Profundas palavras! Amei!

MMarilene disse...

"Quero um tempo pra olhar a vida, subir ao topo da montanha, tomar banho de cachoeira, sentir o vento, ouvir o barulho do vento, pisar na terra, jogar pedrinhas no rio, pegar a fruta no pé, cheiro de manga rosa, olhar as estrelas, colher flores do campo... rever conceitos, agradecer e retomar."
Fiz de suas lindas palavras uma reflexão para minha vida. Tb quero!!!

MMarilene disse...

Fiz de suas lindas palavras uma reflexão para minha vida. Tb quero!
Bjks,