Ao final do texto, a leitora
concordará comigo que somente nós, mulheres, podemos entender essas linhas.
Uma chance pra mim, antes de começar a desenhar as loucuras em letras e pontos
é chamar agora o melhor terapeuta, e chorar pra ele todas as minhas lágrimas da
manhã, ou da vida inteira. E o terapeuta deve ser homem, para me encher com
teorias, mesmo que em contracenso, pois este texto é só para mulheres. É que se
for mulher, acabará a sessão abraçada comigo, abrindo uma garrafa de vinho e
pedindo perdão, que está em TPM.
Dedico o post as meninas
mulheres que sentem , pelo menos as vezes, a vontade de encontrar um príncipe,
mas em especial dedico a amiga Veronica Carvalho, com quem ando filosofando
sobre amor e sexo, e que ontem me indicou o filme Amizade Colorida, e que na
certa foi a gota dagua pra esse momento.
Homem curioso, este texto
definitivamente não lhe desrespeita, mas se quer continuar lendo, sente-se,
pegue um whisky, mais apropriado que uma lata de cerveja. Acomode-se. Respire.
Harmonia e equilíbrio, côncavo e
convexo, yin e yang, seja o que for, cultura, religião, dramas familiares... Fome,
alma, desespero... Indefinidas as
definições, poetizando ou não, desde pequena é pra isso que sempre existi, para
amar e ser amada. Romântico? Piegas? Ultrapassada? Não é este o sentido da
vida, afinal? Não é o que justifica o árduo trabalho diário, as músicas, as rimas,
os versos, as prosas, de alguém, para alguém, sobre alguém?
Diga-me experiente terapeuta,
onde começam as neuras sentimentais? Porque não somos capazes de lidar com o
mais nobre e fundamental dos sentimentos, por que não sabemos aceitá-lo e
doá-lo, e, se o damos, não o recebemos, e se o recebemos, não nos interessa?
Por que permitimos que decidam nossa vida, que o amor seja encarado como conto de fadas?
Fui a dois casamentos este mês,
e os absorvi como se nunca tivesse estado diante do altar. A beleza do olhar e
a expectativa de um futuro belo. Ninguém
espera um mar de rosas, mas esperamos enfrentar as guerras da vida de mãos
dadas.
Apreciando as belas damas, noivas,
reluzentes, percebi que o romance ainda ronda as noites enluaradas, e que mesmo
que por pouco tempo, que pena, as pessoas se permitem .
A menina romântica se esconde
debaixo de panos, veludos, e a primeira camada ainda é um véu... Essa aqui,
pode parecer uma madeira, mas me olha nos olhos... ainda me pego chorando nos filmes, e o olhar encantado me surpreende
nos beijos dos pássaros, ou em mãos que se entrelaçam... os produtores sabem,
romance vende.
Por que me escondi debaixo de
tantos veludos?
Terapeutas, por favor, junta de
terapeutas, melhor; Sabe quantas vezes
agredi minha vida, meus valores, minha paz em nome do amor? Quantas vezes
gritei, chorei, e literalmente me descabelei, segurei as portas em cenas
insanas para que o amor que eu escolhi , não fosse embora, apesar de todo o
maltrato que sofria em palavras e atos? Porque? Não, não era amor, nem o dele,
nem o meu.
Encarei minha própria verdade e
resolvi seguir só, fiz promessas que não poderia cumprir, como não me apaixonar
novamente, não me envolver, e não me machucar mais.
Como lutar contra a natureza
divina? E esta ternura na ponta dos dedos , e a doçura das palavras entaladas na
garganta, e os sonhos , a simplicidade dos momentos que se eternizam... a
pipoca espalhada no sofá após um filme interrompido pelo sexo e continuado por
corpos suados que ainda continuam juntos... para a janta, de novo o sexo, o café, as brigas, beijos... continuam...
A vontade de deixar de escrever
e fazer deste um rascunho eterno, é tentadora... Mas continuo, dizendo que
carinho no cabelo é muito bem-vindo, e
se as cartas hoje são relíquias, aceitamos felizes o torpedo de “bom dia”, ainda gostamos de rosas, e não precisa de um
buquê, basta uma rosa , uma flor do campo quando não há nenhuma data especial.
O Por do sol é o maior dos
espetáculos, e a praia está ao alcance dos pés. A lua continua brilhando no
céu, e a chuva na janela convida... A tempestade, a brisa, o vento, tudo na
verdade é um convite...
As letras de música são claras,
os poetas, os sons, tudo neste universo conspira para o amor, somos amantes por
essência. Porque as pessoas travam , e constroem pontes invisíveis,
simplesmente nos tornando inacessíveis.
Porque seguramos a mágoa, retemos o perdão, como se fossem botes salva vidas?
Num mundo cada vez mais cheio de
pessoas, cada vez mais a fluoxetina sendo usada, e com consultórios
de terapias, as mais loucas delas, com
agendas lotadas , me questiono sobre a simplicidade das coisas, do amor puro,
do cuidar, da essência, que há em todos nós.
Entramos em neuroses: é meu
cabelo, meu peso, minha roupa, não sou boa de cama, falo errado, romântica demais,
independente demais, boa demais, romântica de menos, falo muito, tudo isso
junto?
Mais batom, menos máscara para
olhos, estrias, celulites, filhos?
Perguntas sobrando.
E eu ainda quero ter tempo de
regar meu jardim, sair pra comprar flores, colocar a mão na terra para
plantá-las, fazer um café quente, bolinhos de chuva na tarde de domingo, uma
boca pra beijar, um colo pra oferecer,
um abraço que me aqueça.
Poderia escrever por horas... mas, acho que já deu, melhor
parar.