quinta-feira, 26 de julho de 2012

Proibido para Homens



Ao final do texto, a leitora concordará comigo que somente nós, mulheres, podemos entender essas linhas. Uma chance pra mim, antes de começar a desenhar as loucuras em letras e pontos é chamar agora o melhor terapeuta, e chorar pra ele todas as minhas lágrimas da manhã, ou da vida inteira. E o terapeuta deve ser homem, para me encher com teorias, mesmo que em contracenso, pois este texto é só para mulheres. É que se for mulher, acabará a sessão abraçada comigo, abrindo uma garrafa de vinho e pedindo perdão, que está em TPM.



Dedico o post as meninas mulheres que sentem , pelo menos as vezes, a vontade de encontrar um príncipe, mas em especial dedico a amiga Veronica Carvalho, com quem ando filosofando sobre amor e sexo, e que ontem me indicou o filme Amizade Colorida, e que na certa foi a gota dagua pra esse momento.

Homem curioso, este texto definitivamente não lhe desrespeita, mas se quer continuar lendo, sente-se, pegue um whisky, mais apropriado que uma lata de cerveja. Acomode-se. Respire.

Harmonia e equilíbrio, côncavo e convexo, yin e yang, seja o que for, cultura, religião, dramas familiares... Fome, alma, desespero...  Indefinidas as definições, poetizando ou não, desde pequena é pra isso que sempre existi, para amar e ser amada. Romântico? Piegas? Ultrapassada? Não é este o sentido da vida, afinal? Não é o que justifica o árduo trabalho diário, as músicas, as rimas, os versos, as prosas, de alguém, para alguém, sobre alguém?

Diga-me experiente terapeuta, onde começam as neuras sentimentais? Porque não somos capazes de lidar com o mais nobre e fundamental dos sentimentos, por que não sabemos aceitá-lo e doá-lo, e, se o damos, não o recebemos, e se o recebemos, não nos interessa? Por que permitimos que decidam nossa vida, que o amor  seja encarado como conto de fadas?

Fui a dois casamentos este mês, e os absorvi como se nunca tivesse estado diante do altar. A beleza do olhar e a expectativa de um futuro  belo. Ninguém espera um mar de rosas, mas esperamos enfrentar as guerras da vida de mãos dadas.

Apreciando as belas damas, noivas, reluzentes, percebi que o romance ainda ronda as noites enluaradas, e que mesmo que por pouco tempo, que pena, as pessoas se permitem .


A menina romântica se esconde debaixo de panos, veludos, e a primeira camada ainda é um véu... Essa aqui, pode parecer uma madeira, mas me olha nos olhos... ainda me pego chorando  nos filmes, e o olhar encantado me surpreende nos beijos dos pássaros, ou em mãos que se entrelaçam... os produtores sabem, romance vende.



Por que me escondi debaixo de tantos veludos?
Terapeutas, por favor, junta de terapeutas, melhor;  Sabe quantas vezes agredi minha vida, meus valores, minha paz em nome do amor? Quantas vezes gritei, chorei, e literalmente me descabelei, segurei as portas em cenas insanas para que o amor que eu escolhi , não fosse embora, apesar de todo o maltrato que sofria em palavras e atos? Porque? Não, não era amor, nem o dele, nem o meu.

Encarei minha própria verdade e resolvi seguir só, fiz promessas que não poderia cumprir, como não me apaixonar novamente, não me envolver, e não me machucar mais.

Como lutar contra a natureza divina? E esta ternura na ponta dos dedos , e a doçura das palavras entaladas na garganta, e os sonhos , a simplicidade dos momentos que se eternizam... a pipoca espalhada no sofá após um filme interrompido pelo sexo e continuado por corpos suados que ainda continuam juntos... para a janta, de novo o sexo, o café, as brigas, beijos... continuam...




A vontade de deixar de escrever e fazer deste um rascunho eterno, é tentadora... Mas continuo, dizendo que carinho no cabelo é  muito bem-vindo, e se as cartas hoje são relíquias, aceitamos felizes o torpedo de “bom dia”,  ainda gostamos de rosas, e não precisa de um buquê, basta uma rosa , uma flor do campo quando não há nenhuma data especial.



O Por do sol é o maior dos espetáculos, e a praia está ao alcance dos pés. A lua continua brilhando no céu, e a chuva na janela convida... A tempestade, a brisa, o vento, tudo na verdade é um convite...


As letras de música são claras, os poetas, os sons, tudo neste universo conspira para o amor, somos amantes por essência. Porque as pessoas travam , e constroem pontes invisíveis, simplesmente nos tornando  inacessíveis. Porque seguramos a mágoa, retemos o perdão, como se fossem botes salva vidas?

Num mundo cada vez mais cheio de pessoas,  cada vez mais  a fluoxetina sendo usada, e com consultórios de terapias, as mais loucas delas,  com agendas lotadas , me questiono sobre a simplicidade das coisas, do amor puro, do cuidar, da essência, que há em todos nós.



Entramos em neuroses: é meu cabelo, meu peso, minha roupa, não sou boa de cama, falo errado, romântica demais, independente demais, boa demais, romântica de menos, falo muito, tudo isso junto?

Mais batom, menos máscara para olhos, estrias, celulites, filhos?

Perguntas sobrando.
E eu ainda quero ter tempo de regar meu jardim, sair pra comprar flores, colocar a mão na terra para plantá-las, fazer um café quente, bolinhos de chuva na tarde de domingo, uma boca pra beijar, um colo pra oferecer,  um abraço que me aqueça.

Poderia escrever por horas... mas, acho que já deu, melhor parar.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Segunda Pele




Quantas pessoas podemos ser ?
Uma vez ouvi: " não somos , estamos."
Na época, a frase  teve efeito estranho,  como um alimento mal digerido, um entalo na garganta.
Vivia no orgulho de um caráter que julgava imaculado, num casulo que imaginava perfeito, e lá estava protegida de qualquer mal.

O tempo passou, e mostrou a força e o poder das adversidades.
Não sou mais a mesma de 15 anos atrás.
Sou outra.
Melhor, pior?
Não tenho na verdade esta definição.

Julgamentos existem, as pessoas falam, mas a metamorfose acontece dentro de nós, e não há fuga.
Virtudes e defeitos - depende da ocasião.
Quando fiz a  cesariana há 14 anos, tive a impressão que sentia dentro de mim a mão do cirurgião e gritava pra ele: "Estou sentindo sua mão", o anestesista segurava minhas mãos com paciência  e diante do meu desespero, afirmava que era normal.
Acho que é deste jeito que me senti tantas vezes, como se  uma mão mexesse  dentro do meu peito,  invadindo espaço impróprio, desorganizando tudo, trocando sentimentos e valores do lugar. Doeu. Essa mexida aconteceu tantas vezes que não consigo entender hoje em dia como fui aquela mulher de um tempo atrás.

Mal me reconheço nas fotos.  Me pergunto como fui capaz de silenciar tantas vezes, de aceitar tantas outras e de me derramar em lágrimas por pessoas e coisas que só me faziam mal.
Quando releio meus escritos, posso reconhecer a letra, as manchas azuis no papel, produzidas pelo liquido salgado que desciam pelo meu rosto e redesenhavam as palavras...  Arrepia, dá calafrios pois sou revisitada pela sombra de sentimentos já sepultados. O mal que me fez.

Não dou a mínima para os que julgam , aqueles que de suas janelas me observam, e ousam pronunciar afirmações inconsistentes,  em um orgulho insano e hipócrita, pois não há acima ou abaixo, há experiências, histórias... Mas pessoas , do alto de seus valores únicos e incontestáveis mantem olhos altivos.
Não importa.

Sei da minha história, da solidão que atravessei quando temendo os monstros do desconhecido, fazia da cama  minha amiga confidente. Dos desertos, vendavais que minha alma travava com meus valores, conceitos que eram minha segunda pele.  Eu sei...

Quando então, me deparo sentada em meio a pilhas de fotos, cartas, poesias, percebo claramente as mulheres que habitaram em mim, as que morreram e a que se criou. 

 Gosto da pele que hoje me reveste.  Meu sorriso é de verdade,  hoje sei gargalhar... é o som da minha alma. Quando choro, extravaso, é real. Resolvi encarar a dança, apesar do medo dos novos  passos, e adoro sentir meu corpo em movimento. Assumo minhas vontades, desejos e sonhos, consciente que podem ou não se realizar.  Aceito meu corpo, templo do meu espirito, ele me dá movimentos, expressões, e prazer.







Vivo meus dias, sabendo de minha frágil condição humana, e por isso procuro manter meu humor em alta, meu sorriso aberto... Rejeito pessoas que  me fazem mal, tenho esta opção.

Esta Albanita morrerá? Como saber? Estamos, não somos.