Não consigo deixar de pensar nas vítimas, nos sobreviventes da tragédia que assolou a Região Serrana.
Uma dor que irá demorar pra passar.
Penso em dignidade, segurança e paz.
Casa é o lugar seguro da nossa vida, onde descansamos , dormimos e vivemos. Lugar que encontramos o abrigo, nosso porto seguro.
Família é o aconchego que se encontra quando tudo vai mal, é o abraço, o perdão, é o laço que nos segura, nos envolve quando tudo mais se vai.
Chamamos de LAR essa soma, essa mistura boa de casa e família.
O que aconteceu na nossa Serra, Serra do Rio, Serra do Brasil destruiu lares.
A mistura água e terra carregou com os destroços, nossa gente. Veio a lama e levou as promessas e sonhos de famílias,simplesmente levou...
Depois da madrugada de barro, veio a escuridão da manhã do dia seguinte. Começou a procura desesperada pela família, pelas crianças, pela esperança.
No dia seguinte, faltou a água, o pão, o teto, os filhos. Quem dera fosse pesadelo...
É real. Famílias dizimadas, recomeçando com a fé que sobreviveu às águas e à maldade daqueles que eleitos pelo povo, não cuidaram nem protegeram. Nem ao menos alertaram sobre o perigo.
Deito na cama do meu quarto e olho para meu teto rebaixado, minha janela com grade. Penso em meu filho, em minha mãe. Penso que poderia ter acontecido conosco. Minha janela com grade para minha segurança...
Também já estive diversas vezes em Nova Friburgo nesta mesma época, e me hospedava em uma pousada que agora está misturada com a lama.
Difícil conter as lágrimas.
No entanto, acredito que a força deste povo solidário, destes brasileiros que não se dão por vencidos. Povo forte na fé e na solidariedade.
Emociona ver que em todo canto, a ajuda não cessa.
Belo ver que sangue foi doado até ser preciso dizer “venham em fevereiro, estoques repletos.” Gente que dividiu roupas, que doou tempo, que pisou no barro, que salvou vidas.
Lava a alma ver a força e a solidariedade de gente que perdeu família e casa, cavando o barro, resgatando quem conseguiu sobreviver.
Recomeçar do nada é duro, mas dando as mãos, segurando nos braços um do outro é possível caminhar.
Esse texto é pra falar de perda, mas também de amor, amor fraterno, amor que não pede de volta, amor pelo outro que nunca se viu...
É em momentos assim, de solidariedade e fraternidade que sinto orgulho de ser brasileira. É quando vejo carrinhos de mercados lotados de água, caminhões repletos de doações, pessoas que atravessam estados, cidades para dar o conforto do abraço, e mostrar que estamos juntos, que também sentimos a dor, e que vamos ajudar no recomeço, na reconstrução.
Não é só a reconsrução das casas, mas da segurança, da confiança, da dignidade. Somos todos frágeis, somos humanos, temos o fôlego da vida sempre por um fio e o que nos fortalece, e nos dá bravura é nossa união.
Que possamos tirar lições desta tragédia.
Tamanha dor fez história e marcou vidas para sempre.
Que sejamos mais criteriosos com nossas escolhas, na hora de darmos nossos votos aos que nos governarão.
Que possamos respeitar mais a natureza.
Que o Eterno fortaleça o povo da Região Serrana, e acaricie o coração destas tantas crianças.
Observação:
As fotos mostradas neste texto, fotografei dia 16 de janeiro, quando seguia com a caravana de professores da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro e organizada por nossa Secretária de Educação Claudia Costin.
Fomos levar histórias, livros e carinho às crianças da Região Serrana
É um dia que guardarei em meu coração para sempre.
Alguns videos postados por professores sobre a caravana de professores
http://www.youtube.com/watch?v=UnMweglp94w
veja também
http://migre.me/3JmuN