quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sou mais

Sou  mais que a pele que me reveste, mais que os cabelos que escovo e as unhas que pinto.


Minha essência, a vida que lateja em mim é mais que as impressões positivas ou negativas que causo.


Minha alma eterna, secreto quarto, universo aprisionado grita.


Sou anos da minha existência, sou história do que lembro e esqueço, sou os pedaços costurados daquilo que foi partido.


Sou toda olhos captando o externo, transformando em sangue, em pulsação aquilo que enxergo, a meu modo, segundo minha própria e desconstruída filosofia.


Nascida e criada para a felicidade, porém surpreendida pelas escolhas,visto que sem ser bruxa ou fada optei por vazios... Sempre digo, como saberia?Que bola cristalina poderia eu ter consultado?


E. se as surpresas trazem buracos de incompreensão, também trazem êxtase;


E assim, com flashes que resgatam a vida e a sobrevida, consigo segurar a enorme colcha de retalhos que vou tecendo. 

É uma bela colcha recortada por verdades e mentiras, prazer e dor, perguntas e caos, sorrisos, amigos e amores. Tateio a colcha de diferentes cores, azul celeste, vermelho sangue, branco de papel, transparente feito o vento.


Não é como um livro de páginas rasgadas, pois não fujo do que construí, destruí, reconstrui e desconstrui: Valores, ética, medo, fé, amor, conceitos, crenças, raiva . 
- Fragilidade, Fé e Força.


Sou mais que a pele morena.


Talvez se olhar bem dentro dos meus olhos, consiga perceber que há alguém que  lá de dentro espia... É o meu espiríto, aquele que me torna quem  sou, quem me acorda no meio da noite para  expressar e expor.


E seu meu consciente e subconsciente guerreiam por aquilo que sou e por aquilo que mostro, percebo que a verdade da autenticidade acaba por ser o objetivo do conflito.

Sou os cortes da colcha  costurada. Sou elemento de traços . Sou as histórias de anos vividos. Sou o amigo que amei, o amigo que morreu, o amigo que ri, o amigo que traiu. 

Sou a poesia do amor que sonhei, sou o amor que à outra amou, sou o amor que refez, sou o extase do amor, sou o abandono do amor, sou o amor. 

Sou minha famíia que me ensinou, sou um tanto de meu pai e outro tanto de minha mãe, sou o sorriso do meu filho, sou sua bronquite, sou seus sonhos, seu medo, sua rara beleza, sou a paz de seu sorriso, também sou brinquedo e brincadeira, sou livros que li, poemas que senti, poesias que escrevi e rasguei. 

Sou as lágrimas que nesse rastro derramei.
Sou Diamantina, Belo Horizonte, Sete Lagoas, Sou cheiro de praia, gosto de sal, sou carioca, sou Rio de janeiro.

Sou saudade,sou música, tango, soul, jazz, pop, rock, samba, vida, solidão, alegria, medo, verdades e misérias...

Sou de pó e cinza, sou construção, desconstrução e reconstrução.


Minha colcha não está completa. 
Muito sonho pra sonhar, vida pra viver, lugares pra conhecer. 

Tapeio o medo das perdas, supero as crises, fazendo-as apenas cicatrizes, recupero-me dos maus resultados.
Prossigo.


A maquiagem dos meus olhos, a roupa que visto, sapatos que calço, as unhas vermelhas, meu modo de andar seguramente são apenas uma parte de mim, menor parte,pois sou um universo de fatos e escolhas, uma eternidade de sonhos e alegrias, sou a experriência e a inocência...


Sou Rute Albanita

Um comentário:

Unknown disse...

Lindo minha Poetisa, suas palavra me fazem pensar... Sucesso!!